Corrida aos postos gera filas para abastecer carros

Para minimizar os impactos no bolso, com os aumentos do diesel e da gasolina, motoristas correram aos postos

Escrito por Redação ,
Legenda: Na tarde de ontem, vários consumidores já formaram filas em alguns postos de combustíveis de Fortaleza, buscando encher os tanques dos veículos antes do aumento nos preços que acontece amanhã
Foto: FOTO: KIKO SILVA

Às vésperas da data de reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel, o que já poderá ocorrer a partir deste domingo, 1º de fevereiro, trouxe à tona uma prática vivida no País há mais de 20 anos e somente vista, mais recentemente, em vésperas de feriadões, como o Carnaval: a formação de filas contínuas de carros para abastecer nos postos de combustíveis, por motoristas em busca de tentar minimizar, um pouco, o impacto no bolso do novo aumento determinado pelo Ministério da Fazenda.

A partir de amanhã, começam a valer as novas alíquotas do Pis e da Cofins, tributos que irão elevar em R$ 0,22, o preço do litro da gasolina, e em R$ 0,15, o do óleo diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras, em todo o País. Aumentos que, muito provavelmente, serão repassados de forma integral aos postos e destes ao consumidor final, onerando ainda mais o custo de vida da população e pressionando, em cadeia, a inflação.

Ontem, a partir do início da tarde, filas contínuas de veículos se formaram em alguns postos de gasolina da capital, sobretudo naqueles com preços "mais em conta". "O movimento cresceu muito, graças a Deus, desde as 14 horas. Deve ser por conta do aumento de segunda-feira", respondeu no fim da tarde, Henrique Furtado, caixa do posto Bela Vista II, na Avenida Barão de Studart; no Dionísio Torres, enquanto imprimia mais um cupom fiscal.

"Sei que vai subir, por isso que estou abastecendo logo. Coloquei R$ 120,00", revelou o funcionário público, Raimundo Jaibson, enquanto abastecia sua caminhonete, com óleo diesel. "Filho, vem abastecer aqui, o preço (da gasolina) tá R$ 3,08, e a fila tá crescendo", disse ao telefone, ao mesmo tempo em que criticava os novos aumentos nos preços dos combustíveis, da energia e do gás, determinados pelo Ministério da Fazenda.

"Num momento de recessão, um aumento desses nos combustíveis vai tornar a vida das pessoas mais difícil, porque agora, vai subir tudo em cadeia, menos o salário", criticou Jaibson, demonstrando preocupação com nova escalada da inflação e com a nova política econômica deflagrada pelo governo federal.

Inflação

"Isso (esses aumentos dos combustíveis) vai pressionar ainda mais a inflação", criticou o corretor de seguros, Paulo Mendonça, enquanto abastecia o veículo na tarde de ontem. "Vim abastecer para tentar compensar um pouco", explicou, reconhecendo que, zerado o tanque, terá que abastecer novamente, na próxima semana, já como preço novo da gasolina. "Não tem jeito. Sou corretor de seguros e rodo muito", lamentou Mendonça.

Há no entanto, quem não se preocupe com mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel. "Se for para ajudar a Petrobras pago até R$ 10,00 por um litro de gasolina. A Petrobras é verde e amarelo. Sou brasileiro", respondeu o funcionário aposentado da Embratel, José Idênio de Araújo, enquanto abastecia no posto BAJ, de Bandeira BR, na avenida Pontes Vieira, no fim da tarde desta sexta-feira.

Repasse integral

O presidente do Sindicato dos Proprietários de Postos de Combustíveis do Ceará (Sindipostos-CE), Vilanildo Jorge Gadelha, disse ontem, que a tendência é os postos repassarem, integralmente, o percentual de reajuste que lhes for cobrado pelas distribuidoras.

Segundo ele, o aumento deve começar a chegar às bombas, para o consumidor final, à medida em que os estoques começarem a ser repostos. "Não sabemos de quanto será o reajuste. Só sabemos que vamos repassar. O percentual será integral", antecipou Gadelha, segundo quem os postos não terão como absorver aumento dessa magnitude.

"Acho difícil absorver. As margens (de lucro) são pequenas", acrescentou, sem explicar, porém, porque os preços e as margens de lucros dos postos do Ceará são as maiores do Nordeste e do País. "O mercado é livre", respondeu Gadelha, reconhecendo que os preços dos combustíveis irão pesar muito no orçamento do consumidor, mas no dos empresários também.

"As vendas vão cair bastante", lamenta. Conforme explica, se forem repassados os R$ 0,22 inteiros, o preço do litro da gasolina passará a variar de, no mínimo, R$ 2,99 a R$ 2,41, e o do óleo diesel, de R$ 2,90 a R$ 3,05, na Capital. No Interior, ainda é difícil mensurar.

Enquete

O que acha do novo aumento?

Vejo esse novo aumento dos combustíveis com muita tristeza, porque as perspectivas não são boas. A partir de agora, os preços de tudo vão encarecer ainda mais, vai aumentar a inflação e até a violência tende a piorar.

Paulo Mendonça
Corretor de seguros

Se for para ajudar a Petrobras, o preço da gasolina pode chegar a R$ 10, que vou continuar abastecendo. As pessoas estão confundindo ladrões com a empresa. Eles querem quebrar para privatizar a Petrobras.

José Idênio de Araújo
Aposentado da Embratel

Carlos Eugênio
Repórter

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