Correios podem ter capital aberto
Casa da Moeda também está na mira. No entanto, Presidente interino precisa do aval do Congresso Nacional
O presidente interino, Michel Temer, tem a intenção de abrir o capital dos Correios e da Casa da Moeda durante o período em que está no comando do País. Ele, que assumiu o governo na última quinta-feira (12), entra com a promessa de redução da presença do Estado na economia nacional. Segundo informações divulgadas ontem no jornal O Globo, Temer deseja vender participações da União em estatais e em empresas privadas.
Para abrir o capital dos Correios, porém, Michel Temer vai precisar da aprovação do Congresso Nacional, onde tem uma base aliada muito maior do que a de Dilma Rousseff. O primeiro passo é reestruturar o plano de negócios da empresa, que teve prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2015. Uma das ideias é dividir as áreas em unidades, como logística e encomendas, por exemplo, que poderão ser transferidas integralmente ao setor privado.
Segundo uma fonte da equipe econômica de Temer, a medida visa incrementar o caixa do governo, além de resolver problemas de algumas estatais que estão praticamente quebradas e necessitam de investimentos.
Além dos Correios e Casa da Moeda, outras 230 empresas do setor elétrico devem ter fatias vendidas por Temer. Também fazem parte do rol de ativos a Infraero, as companhias Docas, o IRB Brasil e a Caixa Seguros.
Empresa está na "UTI"
Ainda em 2015, o então novo presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, estimou um rombo de mais de R$ 900 milhões nas contas do ano, o que fez com que, pela primeira vez em 20 anos, a empresa fechasse o balanço no vermelho. Na época, ele chegou a dizer que os Correios estavam na "UTI", passando por situação de emergencial.
Uma das maiores críticas de Queiroz era exatamente a gestão de Dilma, que, segundo ele, represou por dois anos o preço das tarifas. "Precisamos emergencialmente aumentar essas tarifas. Você não pode ficar tanto tempo defasado. É a mesma estratégia que o governo usou com a Petrobras, com a energia. Hoje, estamos pagando a conta do passado", disse no ano passado.
Em 2014, para o balanço fechar azul, os Correios reverteram uma parte da provisão feita há seis anos, no valor de R$ 1,086 bilhão, reserva para cobrir déficits do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários da estatal. Assim, a empresa terminou 2014 com lucro de R$ 9,9 milhões, o menor da história.
Queiroz reconheceu que a empresa estava com serviços e produtos defasados. "Ainda não houve diminuição no número de postagens de cartas, mas a tendência é que a internet substitua a correspondência impressa, da conta de luz à carta de amor", disse. A primeira medida de Queiroz, aliás, foi sugerir ao governo o corte do próprio salário e dos vices da empresa.