Copom mantém ritmo e reduz Taxa Selic para 9,25% ao ano
O Comitê de Política Monetária decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa em 1 ponto percentual
Brasília. Pela sétima vez seguida, o Banco Central (BC) baixou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu hoje (26) a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros.
> Bancos repassam baixa a clientes
Com a redução de ontem, a Selic chega ao menor nível desde outubro de 2013, quando estava em 9% ao ano. Essa é a primeira vez em que os juros básicos da economia retornam a um dígito em quase quatro anos. Desde novembro de 2013, quando o Copom elevou a taxa básica para 10% ao ano.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história. A Selic passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos por causa da queda da inflação.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA registrou deflação de 0,23% em junho, a primeira variação negativa do índice em 11 anos.
Inflação
Nos 12 meses terminados em abril, o IPCA acumula 3%, a menor taxa em 12 meses desde abril de 2007. Para este ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto.
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2017 em 3,8%. De acordo com o boletim Focus, do BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,33%, mesmo com o aumento dos tributos sobre os combustíveis anunciado na semana passada.
Preços administrados
Até agosto do ano passado, o impacto de preços administrados, como a elevação de tarifas públicas, e o de alimentos, como feijão e leite, contribuiu para a manutenção dos índices de preços em níveis altos. De lá para cá, no entanto, a inflação começou a cair por causa da recessão econômica e da queda do dólar.
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e estimulam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento de 0,34% do PIB em 2017. No último Relatório de Inflação, divulgado em junho, o BC manteve a estimativa de expansão da economia para 0,5% este ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros. Ao reajustá-la para cima, o BC segura o excesso de demanda que pressiona os preços, pois torna o crédito mais caro, e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, enfraquecendo o controle da inflação.
O que eles pensam
Queda estimula economia
O mercado já havia precificado essa queda. A dúvida é se a taxa de juros vai cair para 8% ou 7% até o fim do ano. Como a atividade econômica está muito fraca o governo pode baixar os juros para estimular a economia. A gente vai continuar vendo uma redução das despesas das empresas e isso ajuda na recuperação. A aposta agora é de quedas de 1 ou 1,25 ponto.
Ênio Arêa Leão
Economista
Estamos vivendo uma recessão muito aguda, então a taxa menor vai procurar incentivar o consumo e o investimento. Por outro lado, se a taxa ficar abaixo de 8,5%, o cálculo da caderneta de poupança se altera. Neste caso ela é reduzida. Os cortes podem ficar menores até o fim do ano por causa do risco político atual e o risco internacional, como o câmbio.
Ricardo eleutério
Economista