Consumidor repensa gastos para driblar inflação maior

Escrito por Redação ,
Legenda: A maioria dos produtos que mais perderam penetração são cosméticos e itens de higiene
Foto: FOTO: NEYSLA ROCHA

São Paulo. A economia enfraquecida e a inflação já estão afetando hábitos de consumo da classe C, um dos motores do crescimento do País nos últimos anos. De acordo com dados da consultoria Kantar Worldpanel, o volume total de bens de consumo não duráveis comprados por essa população cresceu 3,4% em 2014, abaixo dos 6,3% de 2013.

Desde 2010, o índice só é menor que o de 2012, quando houve queda de 1,4%. Os dados foram obtidos a partir do monitoramento semanal de 11,5 mil residências. "Com o bolso cada vez mais apertado, o consumidor tem de fazer escolhas. Para algo entrar (no carrinho), algo tem que sair", afirma Christine Pereira, diretora comercial da consultoria. A cesta de compras continua crescendo, mesmo que a um ritmo menor. "As pessoas estão priorizando para não andar para trás no consumo", diz.

Menos cosméticos

Entre os 13 produtos que mais perderam penetração de mercado em 2014, ou seja, deixaram de ser comprados ao menos uma vez no ano por esse público, os cosméticos e os produtos de higiene pessoal aparecem seis vezes. Cremes e loções em geral lideram a lista, com queda de 6%, seguidos por cremes para o corpo, com 5%. Produtos para o rosto caíram 4%, deo-colônias, 3%, e tinturas para cabelo e desodorantes, 2%.

Dados da Apihpec (associação que reúne o setor) confirmam a desaceleração. O faturamento dessa indústria aumentou 11% em 2014, ante 12,1% no ano anterior e 15,6% em 2012. Mas João Carlos Basilio, presidente da associação, afirma que o setor pode "soltar rojão" com o resultado, já que PIB brasileiro cresceu apenas 0,1% em 2014.

Ele diz que a crise hídrica também afetou esse mercado - a categoria de itens para banho foi a que menos cresceu (7,4%). "Com o banho mais curto, a pessoa se ensaboa menos", diz.

Para Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular, que estuda as classes C e D, os consumidores de cosméticos reduziram a frequência de aquisições, mas não deixaram de comprá-los. "O creme e o hidratante estão durando mais. Os consumidores estão espaçando a compra", afirma.

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