Consórcios podem se tornar alternativas

Com as mudanças feitas pela Caixa, a tendência é que consumidor busque outras opções para adquirir a casa própria

Escrito por Redação ,
Legenda: A cada 100 imóveis comprados no Brasil, 11 são adquiridos por consórcio. No Nordeste, os números são menores, com uma média de 6,9% de imóveis consorciados. Já o Ceará está à frente da média nordestina, com 7,5%
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

A elevação das taxas de juros já vem encarecendo as compras financiadas a longo prazo há cerca de um ano e meio e, agora, com a decisão da Caixa Econômica Federal de reduzir para 50% o valor máximo do financiamento do imóvel usado, a compra da casa própria tornou-se ainda mais distante para muitas pessoas. Diante desse cenário, a modalidade de consórcio vem se apresentando como uma alternativa atraente dentro do mercado imobiliário.

"Seja aquele que estava cogitando e pesquisando como os que já decidiram e estão com cadastro em análise para aprovação, todos foram surpreendidos pelo aumento no porcentual de entrada, o que, para a maioria, num primeiro momento, pode inviabilizar o negócio de imediato", aponta o presidente executivo da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), Paulo Roberto Rossi.

De acordo com ele, por trabalhar com parcelamento integral, sem juros e com custos finais menores, os consórcios podem atender a muita gente que passou a não se sentir mais contemplada dentro da opção do financiamento.

Expansão

A atividade de consórcio de imóveis já vem em crescimento mesmo antes da medida da Caixa Econômica. Conforme dados da Abac, o número de novos consorciados no segmento cresceu 15,2% no primeiro trimestre desse ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 48,6 mil novas cotas nesses três meses.

Hoje, a cada 100 imóveis comprados no Brasil, 11, em média, são adquiridos por meio de consórcio. No Nordeste, os números são menores, com uma média de 6,9% de imóveis consorciados entre todos os comercializados. Já o Ceará está à frente da média nordestina, com 7,5%.

Conforme o presidente da Abac no Nordeste, Rodrigo de Souza Pinto Freire, a tendência é que esses percentuais cresçam cada vez mais a partir de agora.

"O consórcio tem se mostrado uma grande alternativa ao consumidor, alheio ao financiamento, que ficou encarecido. O financiamento de imóveis foi muito beneficiado nos últimos anos, principalmente durante o primeiro governo de Dilma Rousseff. Só que, de um ano e meio para cá, a taxa de juros tem crescido e o custo da modalidade foi ficando tão oneroso que o consórcio vem surgindo como uma vedete", analisa.

Restrições

Soma-se a isso as restrições apresentadas pela Caixa Econômica Federal na compra de imóveis usados de até R$ 750 mil, reduzindo seu financiamento de 80% para 50%.

"Com isso, o consórcio de imóveis passa a ter mais espaço. Quando se restringe o crédito, o consumidor vai buscando outras alternativas para adquirir o seu bem", justifica o presidente da Abac no Nordeste. "O cliente hoje é mais maduro e mais informado, e vem buscando opções mais econômicas", completa.

Nos consórcios, o participante adquire cota no valor do bem desejado e paga parcelas mensais de acordo com sua capacidade financeira individual ou familiar. Por sorteio ou por lance, todos os meses, há possibilidade de contemplação. Não há cobrança de juros e a taxa de administração é diluída ao longo do tempo de duração do grupo.

Sem data definida

É importante, todavia, que o participante esteja ciente que não há como ter certeza de quando será contemplado e que a concretização da compra do imóvel poderá só se dar ao fim do consórcio, o que pode durar até 160 meses, prazo médio desta modalidade.

"O consórcio não é para quem precisa da casa no exato momento. É importante que isso fique claro para que o cliente não fique frustrado", reforça Freire. Por outro lado, a modalidade estabelece algumas possibilidades que facilitam que o participante possa ser contemplado, como a utilização saldo na conta do FGTS para oferta de lance ou complemento do crédito, amortização de saldo devedor, abatimento de parte de prestações ou liquidação de débito.

Segundo dados da Abac, mais de 700 trabalhadores-clientes utilizaram R$ 21,8 milhões de seus saldos em contas do FGTS em suas cotas.

Oportunidade

O presidente nacional da Abac reforça ainda que o consórcio pode ser atraente para quem já buscava financiamento, mas que desistiu da modalidade após as novas regras da Caixa. "É importante lembrar que o consumidor que detinha e detém valor semelhante ao antigo porcentual para a entrada na compra do imóvel poderá transformá-lo em custo de oportunidade, ofertando-o como lance nas assembleias mensais. Quando contemplado, o consorciado poderá utilizar o crédito disponibilizado como se tivesse comprando à vista, negociando descontos e barganhando vantagens", sugere.

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