Conferência discute desertificação

Diversos atores estiveram reunidos, no Nordeste, para sistematizarem a participação brasileira

Escrito por Redação ,
Legenda: Em Irauçuba está uma das áreas em processo de desertificação
Foto: Foto: Kid Júnior

Campina Grande Pesquisadores e representantes da sociedade civil estiveram reunidos, na semana passada, nesta Cidade, para discutir, à luz do conhecimento científico, tecnológico e popular estratégias de combate à desertificação, degradação das terras e convivência com a seca.

O "Seminário Nacional Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaridez para Redução da Pobreza e um Desenvolvimento Sustentável" foi uma etapa preparatória à participação da delegação brasileira na 3ª Conferência Científica Internacional da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), a ser realizada em Cancún, México, de 9 a 12 de março.

Um dos focos da participação do Brasil na UNCCD tem sido promover o diálogo entre sociedade civil, governos e instituições de pesquisa científica e tecnológica na busca de implementar boas práticas para convivência sustentável, de forma inclusiva, promovendo a segurança hídrica, alimentar e energética, com conservação da biodiversidade, contribuindo, desta forma, efetivamente para o combate à desertificação.

Durante o evento, realizado na sede do Instituto do Semiárido (Insa), Francisco Barreto Campello, ponto focal do Brasil na UNCCD e diretor do Departamento de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) destacou que um dos diferenciais importantes da participação do Brasil na UNCCD é de sermos o único país que tem uma representação efetiva da sociedade civil dentro da Convenção.

Participativo

"As representações de outros países acontecem de forma isolada, por organizações sociais que participam da Convenção de forma individualizada. O Brasil tem uma postura diferente por adotar uma representação coletiva da sociedade civil. Hoje contamos com a Associação Semiárido Brasileiro (ASA), rede formada por mais de mil organizações sociais e atualmente credenciada pela Convenção", destacou.

O Insa é o correspondente científico do Brasil na Convenção. Seu diretor, Ignacio Hernán Salcedo, ressaltou a importância do somatório dos conhecimentos científicos e empíricos para o combate à desertificação. "A ideia deste Seminário Nacional é promover o diálogo entre aqueles que estão do lado dos conhecimentos empíricos, dos conhecimentos locais e aqueles que constroem os conhecimentos científicos, de forma a buscar uma realidade que permita uma convivência sadia com a condição semiárida, realidade perfeitamente possível de ser consolidada", afirmou.

Alternativas de adaptação

Uma das experiências desenvolvidas no Brasil que tem chamado atenção de outros países é uma pesquisa inédita, desenvolvida pelo Insa e a ASA, que acompanham a trajetória de vida de 100 famílias de agricultores familiares, distribuídas em dez territórios dos nove Estados do Semiárido brasileiro. O objetivo é identificar as estratégias ecológicas e sociais implementadas pelos agricultores que lhes têm possibilitado conviver e adaptar-se a impactos ambientais extremos, como a desertificação, as mudanças climáticas e os longos períodos de estiagem.

Francisco Campello enfatizou a importância do direcionamento efetivo da ciência para as necessidades da população. "Essa experiência de pesquisa com os agricultores experimentadores que vem sendo desenvolvida no Brasil, voltada para o uso sustentável dos recursos naturais demonstra um esforço que vem sendo feito para que o trabalho de combate à desertificação seja um reflexo da forma de conviver adequadamente com o ambiente", completou.

O representante da ASA, Paulo Pedro de Carvalho, destacou ações importantes que têm sido empreendidas no Brasil para valorizar as alternativas agroecológicas encontradas pelos agricultores para conviver com a região semiárida e o papel do Insa como correspondente científico do País na Convenção para colaborar com pesquisas, estudos e ações concretas para a convivência com o Semiárido.

"Nosso entendimento é que estamos dando passos importantes no sentido da participação da sociedade civil. Nós sabemos que o Comitê de Ciência e Tecnologia da Convenção, embora reconheça essa participação e a importância dos conhecimentos tradicionais, tem dificuldade de considerá-los como ciência, ressaltou", pontuou Carvalho.

Beranger Araújo, da Secretaria de Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia (SERHMACT) da Paraíba e ponto focal técnico do governo do Estado na Convenção, citou um programa específico de combate à desertificação implementado nas regiões do Seridó, Cariri e parte do Curimataú, com financiamento de 50 milhões de dólares do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). Ele também ressaltou que o conceito de combate à desertificação é muito amplo e abrangente.

O documento final será apresentado na reunião com os membros da Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD), prevista para acontecer amanhã (5), em Brasília (DF).

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Subsídios para participação e ações locais

O "Seminário Nacional Combate à Desertificação, Degradação das Terras e Convivência com a Semiaridez para Redução da Pobreza e um Desenvolvimento Sustentável" preparou a delegação para a 3ª Conferência Científica Internacional da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), a ser realizada em Cancún, México, de 9 a 12 de março. O documento final será apresentado na reunião com os membros da Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD), prevista para hoje (5), em Brasília (DF). Ele também subsidiará a definição de iniciativas no Brasil alusivas ao Ano Internacional dos Solos (2015), cuja coordenação foi delegada à UNCCD e a FAO pela Assembleia Geral da ONU, para apoiar ações e projetos em prol da conservação e sustentabilidade do solo.

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