Concorrência eleva oferta de cartões sem anuidade

Tecnologia ampliou a competitividade no setor bancário, trazendo benefícios para clientes que querem economizar

Escrito por Lígia Costa - Repórter ,
Legenda: O BB entrou, recentemente, na briga para ganhar mais clientes e lançou um cartão sem a cobrança da taxa e que pode ser solicitado via aplicativo
Foto: FOTO: MARCOS SANTOS

Nubank; Hipercard; Digio, do Banco CBSS; Credicard Zero, do Itaú Unibanco; Free, do Santander; cartão internacional, do Banco Original; entre outros. É cada vez maior o número de cartões de crédito sem anuidade disponíveis no Brasil. A tarifa é cobrada sob a justificativa de manter a prestação de serviços como administração, gerenciamento e monitoramento do cartão.

Recentemente, o Banco do Brasil (BB) resolveu concorrer com o Nubank e Santander - líderes no segmento - e lançou um cartão do tipo, que poderá ser solicitado via aplicativo, até mesmo por quem não é cliente da instituição financeira.

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Algumas administradoras de cartão oferecem a isenção integral da anuidade, enquanto outras impõem algumas regras. Assim como o Santander, o BB oferece o benefício, mas com a condição de que o usuário - não necessariamente cliente da instituição - gaste pelo menos R$ 100 a cada mês.

Segundo o economista Allisson Martins, a justificativa para o aumento da não cobrança de anuidade se deve ao alto "grau de competitividade" entre as instituições que disponibilizam os cartões. Rivalidade, inclusive, acirrada com o surgimento das fintechs - startups que unem tecnologia com serviços financeiros. "A entrada no mercado das fintechs, combinada com estratégias de defesa da base de clientes dos grandes bancos, cria um cenário em que a geração de receitas para as instituições financeiras, via cobrança de anuidade no cartão, fique mais difícil", diz.

Ele lembra que a tecnologia, capaz de viabilizar transações financeiras por smartphone, também vem alterando o ambiente de negócios dos cartões. Logo, é natural que os consumidores busquem dar preferência a cartões cuja anuidade seja menor ou inexistente. "A dispensa ou redução da anuidade vem associada a alguma estratégia das instituições financeiras, como um saldo médio de fatura mensal, realização de investimentos, ou a oferta de outros produtos".

Transformações

Apesar do setor bancário estar cada vez mais integrado à tecnologia, os cartões com anuidade não devem ser extintos. Mas podem passar por transformações que justifiquem a tarifa, estima a coordenadora do curso de Ciências Econômicas da UFC de Sobral, Alessandra Benevides. "Acabar (a oferta de cartões com anuidade) eu não creio, mas, com a abertura de concorrência, há uma tendência de redução de anuidade e de o cliente receber mais vantagens, não existentes em um cartão sem anuidade".

Um impedimento à adesão maciça aos cartões sem anuidade, diz Benevides, é o fato de que o consumidor brasileiro tem a cultura de buscar crédito mais fácil. E não o mais barato. "A mania que o brasileiro tem de pegar crédito mais caro, só porque está na mão, faz com que as administradoras (de cartão) tenham um lucro muito bom".

A melhor escolha

Independentemente da instituição financeira, é preferível que o consumidor escolha um cartão de crédito de ampla aceitação, a partir do qual parcele suas compras com anuidade reduzida ou mesmo dispensada. Sem abrir mão de "vantagens, como serviços associados e programas de fidelidade, bom atendimento e taxas de juros mais baixas", recomenda Allisson Martins.

Caso o objetivo do usuário do cartão de crédito com anuidade seja obter milhas em troca do pagamento, é adequado ponderar se não é mais financeiramente viável aderir a um clube de milhas. Segundo a professora Alessandra Benevides, "é necessário avaliar o custo-benefício para ver o que é melhor".

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