Concessão do Aeroporto anima o setor produtivo do Estado

Infraestrutura melhor otimizará escoamento da produção e poderá elevar o capital estrangeiro no Ceará

Escrito por Redação ,
Legenda: A concessão e a posterior expansão do Aeroporto Internacional Pinto Martins devem beneficiar positivamente a economia de diversos setores produtivos no Ceará e, consequentemente, do Estado também
Foto: Foto: José Maria Melo

Fortaleza/Brasília. A concessão do Aeroporto Internacional de Fortaleza - Pinto Martins, que será leiloado hoje à iniciativa privada, a partir das 10h, na BM&FBovespa, é vista com entusiasmo pela cadeia produtiva cearense. A expectativa é que a melhora dos modais de infraestrutura proporcione mais oportunidades tanto para o escoamento da produção, como um aumento do capital estrangeiro no Estado.

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O presidente do Conselho Temático de Infraestrutura e Logística da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Heitor Studart, destaca que o aeroporto se integra ao contexto logístico cearense formado pelas rodovias, pelos portos e também pela Ferrovia Transnordestina, sendo seu desenvolvimento primordial para a indústria. "Dois segmentos bastante impactados serão o turismo e o de cargas, com mais capacidade e mais rotas", afirma.

Para o superintendente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN), Eduardo Bezerra, a iniciativa será um grande benefício para todo o Ceará. Ele aponta que o modal aéreo tende a crescer e é muito utilizado no Estado para o transporte de produtos de alta perecibilidade, como frutas e flores, e também de grande valor agregado. "Esse projeto de expansão vai dar um resultado positivo para o agronegócio e para a indústria", pontua.

Ele questiona, entretanto, se os valores a serem aplicados pela nova concessionária no terminal, da ordem de R$ 1,4 bilhão, será o bastante. "Não se trata de um investimento somente para questões de embarque e desembarque, haverá também para o transporte de carga e o abastecimento. Não sabemos se os investimentos serão suficientes para cobrir estes três itens", pondera.

Bezerra destaca ainda que, por conta do aeroporto, o investimento estrangeiro no Ceará também irá aumentar e que os benefícios serão ainda maiores caso a cidade seja escolhida para sediar o hub da Latam. "Assim como Atlanta, nos Estados Unidos, que é um grande hub, é uma cidade que cresceu e vive em torno da expansão do aeroporto, Fortaleza também irá crescer, resguardadas as respectivas proporções, com a expansão do Pinto Martins", afirma.

Fomento

O secretário de Turismo do Estado, Arialdo Pinho, já tinha destacado que a concessão do aeroporto seria a premissa nº1 para a Fortaleza se candidatar como sede do hub, como o Diário do Nordeste informou no último sábado (10). O aumento do fluxo proporcionado pelo equipamento seria o maior impacto para o setor, de acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros.

O incremento no turismo beneficiaria também o comércio, pontua Cid Alves, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), com o consumo de turistas em shoppings e lojas da capital. "Temos potencial para nos transformar em um grande hub turístico e, para isso, tem que transformar caminhos para fomentar o turismo, que é fundamental para ampliar o comércio", aponta.

Agricultura

Para Thomas Reeves, presidente da Câmara Setorial das Flores do Ceará, a ampliação do terminal também permite uma acessibilidade maior ao mercado externo, a partir da possibilidade de novas ligações aéreas a mercados não antes explorados. "O Ceará tem um grande potencial exportador. Estamos exportando alguns tipos de produtos para Estados Unidos e Canadá, mas ainda há muitos mercados em potencial", ressalta. Já o presidente da Câmara Setorial da Fruticultura no Estado, João Teixeira, pondera que o impacto sobre o setor irá depender das tarifas de frete aéreo, principalmente para a Europa e para os Estados Unidos, e das linhas internacionais que venham a ser criadas a partir do Pinto Martins, o que, na avaliação dele, beneficiaria não só o Ceará mas também os estados vizinhos. O custo ainda é muito alto, segundo ele.

Isso porque as exportações pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins - que, segundo Teixeira, são poucas - só são possíveis por carga mista, que é mais cara. Nessa modalidade, o avião divide espaço para passageiros, bagagens e carga.

"Aqui, dificilmente voos cargueiros operarão por conta do tamanho da pista. Vai depender muito. Mas acredito que possa acontecer de ter uma disponibilidade de linhas em que possam operar", pontua.

Empresas habilitadas

Na noite de ontem (15), a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que habilitou todas as companhias que apresentaram proposta para a entrar no leilão de quatro aeroportos nesta quinta-feira (16) a partir das 10h30 na seda da Bovespa, em São Paulo. De acordo com comunicado da agência, todas tiveram seus documentos validados pela comissão de licitação. A agência, no entanto, não informou quantos e quais são os grupos habilitados. A expectativa do governo é que três consórcios estejam na disputa. Eles são liderados pela alemã Fraport, pela francesa Vinci Airports e pela suíça Zurich Airports.

O governo também tem a expectativa de que tenham sido apresentados lances para os quatro aeroportos: Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Isso porque uma mesma empresa pode fazer oferta para mais de uma unidade. Se houver mais de um lance na unidade, as empresas disputam o aeroporto num pregão. Vence quem oferece a maior outorga, cujo valor varia de R$ 100 milhões (Porto Alegre) a R$ 1,4 bilhão (Fortaleza).

Há, no entanto, previsão no edital de que uma mesma empresa não pode ganhar os dois aeroportos na mesma região. O valor mínimo do leilão é de R$ 3 bilhões com o pagamento de outorgas. Os vencedores precisarão fazer investimentos estimados em R$ 6,6 bilhões nessas unidades.

O leilão será realizado hoje, às 10h, na BM&FBovespa, em São Paulo. A oferta inicial no leilão, equivalente a 25% da outorga, deverá ser de no mínimo R$ 31 milhões para o aeroporto de Porto Alegre, R$ 310 milhões para Salvador, R$ 53 milhões para Florianópolis e R$ 360 milhões para Fortaleza.

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