'Comunicação mudará com a Internet das Coisas'

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,

A evolução das telecomunicações no Brasil e no mundo atinge um novo patamar com a ampliação do uso de dados. A cada dia, o serviço de transmissão de voz vai perdendo espaço, em um cenário de popularização da Internet das Coisas (Internet of Things, IoT, em inglês).

As projeções apontam para necessidade maior de transformações no fornecimento de internet para suprir as necessidades da população. Desta forma, o atual perfil dos usuários caminha para outro nível, na visão do diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e do Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Sérgio Kern.

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"O que a gente já percebe é uma mudança de perfil, de uso do sistema de comunicação de modo geral. E, falando mais especificamente de sistemas de telecomunicações, a gente acha que tem uma forte tendência de mudança para o uso de dados, já desde 2012. E isso deve ser acentuado à medida em que o tempo vai passar. A curto prazo, a gente tem a expectativa de, em 2022, ter um número significativo de sensores para atendimento de algumas facilidades, como gerenciamento de energia, de tráfego, condições de gerenciamento da residência do cidadão, etc. Estou falando da Internet das Coisas. Isso, efetivamente, deve estar acontecendo e deve dar um grande upgrade nas telecomunicações, que é parte da infraestrutura da Internet das Coisas. É inevitável que isso aconteça".

Na opinião de Kern, contudo, toda evolução passa, também por mudanças no sistema de tributação do serviço. Ele defende que é preciso alterar o modelo atual para obter resultados positivos. "A nível mundial e no Brasil, vai depender um pouco da questão tributária associada à telecomunicação, que é bastante acentuada. Quase a metade do valor da tarifa, é tributo. Então, quando você fala de dispositivos para Internet das Coisas, você fala de dispositivos massivos. Assim, a rentabilidade deles é pequena. Se o tributo for alto, inviabiliza a implementação. O Brasil vai depender desse cenário ser sanado para que a gente efetivamente vá nessa evolução", apontou o dirigente.

Para ele, o País vive "processo de evolução na prestação de serviço e na consolidação das empresas" e, por isso, é preciso ser feita uma reforma tributária para o setor. "Hoje, a telecomunicação está no rol das atividades econômicas como cigarro, bebida alcoólica, armamento. A alíquota de imposto é igual a essas atividades, isso não é razoável. Sanado esse problema, é um grande avanço para que a coisa se consolide a haja a possibilidade de novos investimentos".

Implementação

No curto prazo, a chegada da tecnologia 5G é aguardada para asseverar a mudança de patamar. Conforme Kern, a tendência é que a virada de geração da internet móvel auxilie na ampliação da base atendida.

"Hoje se percebe nitidamente que as operadoras estão fazendo uma oferta voltada para pacote de dados, então, a expectativa nossa com a implementação do 4G em âmbito maior, numa base maior do que já está ocorrendo, e com a chegada do 5G, possa atender a demanda que vai acontecer e por consequência a gente espera que a cada dia melhore a qualidade na prestação de serviço", afirmou.

Neste sentido, o Ceará detém certo favorecimento em relação ao restante do País, por abrigar o hub de telecomunicações encabeçado pelo data center da Angola Cables, que na visão do diretor do SindiTelebrasil, colabora com este avanço tecnológico.

"(O data center) É um complemento de infraestrutura. Certamente colabora para que exista uma maior competição na disponibilidade de infraestrutura e deve, inclusive, trazer um upgrade para aqueles pequenos provedores de internet, que serão beneficiados na região (do Estado) e até se estendendo para uma região maior do Nordeste".

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