Com alta, venda de feijão na Ceasa despenca 40%

Expectativa é de que o produto continue em alta por mais três meses, segundo analista de Mercado da Central

Escrito por Raone Saraiva - Repórter ,
Legenda: Feijão tipo carioquinha teve a comercialização na Central de Abastecimento reduzida em 65% nos últimos meses devido à carestia
Foto: Foto: Honório Barbosa

Alimento que se tornou o novo "vilão" na mesa do brasileiro há cerca de dois meses, o feijão continua subindo de preço no Estado e afastando o consumidor. Devido aos valores elevados, as vendas do produto na Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE), em Maracanaú, já recuaram 40%, com destaque para o tipo carioquinha, cuja comercialização está 65% menor.

Atualmente, o feijão mais barato na Ceasa é o branco. O quilo custa R$ 4,50, um aumento de 2,2% em relação ao preço praticado em igual período de junho (R$ 4,40). O fardo com 10 Kg passou de R$ 44 para R$ 45. "O feijão branco não é tão atrativo para o consumidor cearense, que prefere os tipos mais escuros, por causa do sabor mais acentuado", observa o analista de Mercado da Ceasa, Odálio Girão. O aumento na saca de 60 Kg do feijão carioquinha surpreendeu os clientes.

Quebras de safras

O preço subiu quase 5,8%, passando de R$ 510 em junho para R$ 540 em julho. Ante o mês passado, os valores do quilo e do fardo com 10 Kg não apresentaram variação e continuam sendo comercializados por R$ 9,50 e R$ 95, respectivamente.

Apesar de demanda por feijão carioquinha 65% menor, Odálio informa que os comerciantes da Ceasa enfrentam dificuldades para manter o estoque da mercadoria, que atualmente ocupa 50% da capacidade total de armazenamento. Isso por causa da quebra de safra na produção no Paraná, principal fornecedor do Ceará, e em estados como Minas Gerais e Goiás.

A oferta de feijão-de-corda (macassar), principal substituto do carioquinha no prato do cearense, também está 60% menor devido a dificuldades na safra de estados fornecedores, como Bahia e Pernambuco. "Com essa quebra na safra, os produtores preferiram trocar o feijão pelo plantio de outras culturas, a exemplo do milho e da soja", acrescenta o analista.

O preço do feijão-de-corda também está mais caro. O valor do quilo subiu 25%, indo de R$ 6 para R$ 7,50. O fardo com 10 Kg passou de R$ 60 para R$ 75. Já a saca com 60 Kg subiu 7,6%, passando de R$ 390 para R$ 420. O feijão preto não registrou aumento neste mês, sendo o quilo encontrado a R$ 5,80 e a saca por R$ 58. Já o preço do quilo do feijão verde foi de R$ 7 para R$ 8, um crescimento de 14,2%.

"Com o carioquinha e o de corda estão muito caros, o consumidor está comprando mais feijão preto. Mas boa parte está optando por levar menores quantidades do produto. Acredito que, na Ceasa, os preços vão permanecer elevados por ainda mais três meses", destaca Odálio, lembrando que o feijão está ainda mais caro no varejo. "Nos supermercados, o quilo do carioquinha pode passar de R$ 12", acrescenta.

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Alternativa

No último dia 22 de junho, o governo federal anunciou que vai liberar a importação de feijão de alguns países, com o objetivo de reduzir o preço do produto nos supermercados. A medida valerá para o feijão com origem na Argentina, no Paraguai e na Bolívia. Está em estudo a possibilidade de importar o produto também do México e da China.

"Essa é uma medida paliativa. Nossa expectativa é que, em 2017, as condições climáticas para a produção de feijão sejam mais favoráveis", reforça Odálio. Ele lembra que, enquanto Minas Gerais e Bahia sofreram com a seca neste ano, o Paraná teve a produção prejudicada com o excesso de chuvas.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a produção anual de feijão no País varia de 3,3 a 3,5 milhões de toneladas, e o consumo médio é de 3,5 milhões de toneladas. Para este ano, o Instituto Brasileiro do Feijão (Ibraf) prevê que sejam produzidas 2,6 milhões de toneladas de feijão.

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