Ceará perde mais de 37 mil postos de trabalho

Apenas em dezembro, foram fechadas 6,7 mil vagas de emprego formal, segundo pior resultado para o mês

Escrito por Redação ,
Legenda: A construção civil foi o setor que mais demitiu, com um saldo negativo de 14,8 mil postos de trabalho. Em seguida, aparece a indústria de transformação, com o corte de 9,7 mil vagas no ano passado
Foto: FOTO: ANDRÉ COSTA

O Ceará perdeu em dezembro de 2016 cerca de 6,7 mil postos de trabalho, diminuindo o ritmo de queda em relação ao mesmo período de 2015, quando o Estado fechou mais de 10 mil vagas formais. Foram cerca de 23 mil contratações e 30 mil demissões no mês. Os dados constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nessa sexta-feira (20) pelo Ministério do Trabalho.

Segundo o Caged, em todo o ano de 2016, foram perdidas mais de 37 mil vagas, quando 438 mil pessoas foram demitidas e pouco mais de 400 mil contratadas no Estado.

Para Erle Mesquita, coordenador de Estudos e Análise de Mercado do Sine/IDT, os resultados são reflexo do agravamento da recessão econômica. "Muito embora os números sejam esperados houve uma intensidade ainda maior da crise no mercado de trabalho", explica.

De acordo com Mesquita, 2016 foi um dos piores anos desde que foi iniciada a pesquisa do Caged. Ele afirma que todos os setores da economia foram afetados pelo desemprego, com destaque para a construção civil e para a indústria da transformação, que fecharam, respectivamente, no Ceará, 14,8 mil e 9,7 mil postos de trabalho no ano passado.

Setores

Em 2016, as maiores perdas ficaram concentradas na construção civil e na indústria da transformação. Comércio e serviços também sentiram os efeitos da crise e reduziram em 6,9 mil e 1,1 mil os empregos com carteira assinada, respectivamente, no Ceará. Já a agropecuária eliminou mais de 2 mil postos em 2016.

Contando apenas dezembro do ano passado, a construção civil e a indústria da transformação fecharam, nessa ordem, 3,2 mil e 2,6 mil postos de trabalho.

Os setores de Serviços e a Agropecuária tiveram saldo negativo de empregos com carteira assinada de 1 mil e 1,1 mil, respectivamente, no mês passado.

O Comércio foi o único setor que contratou mais que demitiu, com 1,4 mil postos de trabalho abertos em dezembro de 2016.

Ainda de acordo com o coordenador do Sine/IDT, Erle Mesquita, um dos fatores que motivaram os resultados negativos da pesquisa foi a retração dos investimentos e as incertezas no cenário político no País. Ele reitera que o setor público também demitiu mais em 2016, afetado pelos cortes orçamentários dos estados e do governo federal.

Brasil

Em todo o País foram fechados 1.321.994 de postos formais de trabalho no ano passado, segundo os resultados do Caged. O corte de vagas, apesar de menos intenso do que em 2015 (quando o saldo foi negativo em 1,542 milhão, o pior da história), mostra que 2016 ainda foi um ano desfavorável para o mercado de trabalho. Apenas no mês de dezembro, quando geralmente há mais demissões em função da dispensa de temporários, foram fechados 462.366 postos com carteira assinada. Para este dado, as projeções apontavam para corte entre 430 mil e 610 mil vagas, com mediana negativa em 545 mil.

O resultado de dezembro é fruto de 869.439 admissões e de 1.331.805 desligamentos. Apesar disso, o número de postos fechados em dezembro também foi menos intenso do que em igual mês de 2015, quando foram extintas 596.208 vagas.

A indústria de transformação eliminou 322,5 mil vagas com carteira ao longo do ano passado. Já a construção civil fechou 358,6 mil postos de trabalho em 2016. No caso do comércio, houve a eliminação de 204,3 mil vagas de trabalho.

Nordeste lidera

O corte de vagas formais de trabalho no Brasil em 2016 foi liderado pelas regiões Sudeste e Nordeste, de acordo com o Caged.

Entre as unidades da federação, apenas Roraima registrou mais contratações do que demissões, mesmo assim, em número quase simbólico: foram abertos 84 novos postos.

Segundo informações do Ministério do Trabalho, a região Sudeste extinguiu 788,6 mil vagas formais, enquanto o Nordeste fechou 239,2 mil postos.

Entre os Estados, os recordistas em fechamento de vagas foram São Paulo (-395,3 mil), Rio de Janeiro (-237,4 mil) e Minas Gerais (-117,9 mil).

Salário médio de admissão

A crise econômica continuou a afetar o mercado de trabalho em 2016, tanto em termos de nível de emprego quanto de renda. O salário médio de admissão caiu 1,09% em termos reais (ou seja, já descontada a inflação) em relação a 2015. O valor saiu de R$ 1.389,19 para R$ 1.374,12.

Em 2016, a queda na média salarial dos homens (-2,43%) foi mais intensa do que no caso das mulheres (-0,99%).

Em termos regionais, o salário médio de admissão caiu em todas as grandes regiões, com destaque para Sudeste (-2,36%) e Norte (-2,33%).

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