Ceará já eliminou mais de 11 mil postos formais em 2015

Somente em abril, 3.547 empregos com carteira assinada deixaram de existir no Estado, o pior resultado desde 2003

Escrito por Redação ,
Legenda: A indústria foi quem mais impactou negativamente no Estado em abril. A maior influência veio do ramo de calçados, que eliminou 822 vagas
Foto: Foto: Cid Barbosa

Os trabalhadores brasileiros não estão tendo um ano fácil, já que o momento conturbado da economia brasileira não para de impactar diretamente no mercado de trabalho, que tem demitido mais do que contratado. No Ceará, a situação não é diferente. De janeiro a abril de 2015, o Estado já eliminou 11.378 empregos formais na série ajustada do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que incorpora as informações declaradas fora do prazo. Os dados foram divulgados ontem, pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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Para se ter uma ideia de como o desempenho do Estado foi ruim no primeiro quadrimestre de 2015, no mesmo período do ano passado o Ceará registrou um acréscimo de 6.654 vagas no seu estoque de assalariados com carteira assinada, e não um decréscimo, como agora. O que contribuiu bastante para o quadro atual foi o resultado de abril, quando 3.547 empregos celetistas foram fechados - o pior resultado para o mês na série histórica do Caged, que computa resultados desde o ano de 2003.

O coordenador de estudos e analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita, mostrou-se surpreso com os dados apontados pelo Caged para o Ceará. "O resultado de abril foi totalmente inesperado. Desde 2003, nunca havíamos tido resultado negativo para o mês, por se tratar de um período tradicionalmente bom na geração de vagas", afirma. Em 2014, abril registrou acréscimo de 4.463 empregos celetistas no Estado.

O impacto dos setores

Não faltam vilões para culpar pelo péssimo momento do mercado de trabalho cearense. Isso porque, de janeiro a abril deste ano, praticamente todos os setores apresentaram resultados negativos no Estado. O comércio, por exemplo, eliminou mais de 5 mil postos formais no período, na série sem ajuste do Caged. A indústria também não fica muito atrás, tendo fechado mais de 3 mil empregos com carteira assinada no quadrimestre. Construção civil, com saldo negativo de mais de 1,8 mil, e o setor de serviços, com retração superior a 1,5 mil, completam a lista.

"Basicamente é isso. Todos os setores da atividade econômica do Ceará estão com resultados ruins neste início de ano. Eu destacaria negativamente a indústria, que há muito tempo não registra bons números no Caged", comenta Erle Mesquita. De fato, a indústria de transformação foi quem mais impactou negativamente no Estado em abril, com uma variação absoluta de -1.484 postos formais. Segundo o Caged, o maior impacto veio do ramo de calçados, que eliminou 822 vagas no mês.

O setor de serviços, grande destaque do início do ano, também mostrou que vem perdendo fôlego, já que eliminou 1.294 empregos celetistas no período. Construção civil (-595), agropecuária (-173) e serviços industriais de utilidade pública (-20) também apresentaram resultados negativos. Comércio e extrativa mineral firam estáveis.

Municípios em queda

Somente em Fortaleza, 26.019 pessoas foram demitidas em abril, enquanto que outras 23.167 foram admitidas - queda de 0,41% no estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior. Responsável por empregar uma boa parte dos trabalhadores cearenses, a Região Metropolitana também sofreu com as demissões. O Eusébio, por exemplo, dispensou 2.142 trabalhadores, seguido de perto por Maracanaú e Caucaia, com 1.982 e 1.668 desligamentos no período, respectivamente.

No interior do Estado, o município que mais demitiu foi Juazeiro do Norte, com 1.305 desligamentos. Sobral não ficou muito atrás, tendo em vista que dispensou 1.222 trabalhadores.

Posição no Nordeste

Entre os estados do Nordeste, o desempenho do Ceará em abril foi o terceiro pior, tendo em vista que Alagoas e Pernambuco fecharam, respectivamente, 13.269 e 20.154 postos formais no período. Na região apenas o Piauí registrou expansão de empregos celetistas (+612 postos).

Áquila Leite
Repórter

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