Ceará já contabiliza mais de 10 mil demissões no 1º trimestre

Com forte participação da indústria, dispensas afetam também outros setores, como comércio varejista do Estado

Escrito por Redação ,

Nos últimos anos, a taxa de desemprego brasileira tem conquistado índices de fazer inveja a muitos países desenvolvidos. Em 2014, por exemplo, apenas 4,8% da População Economicamente Ativa do País estava desempregada, segundo o IBGE. No primeiro trimestre deste ano, porém, a situação começou a mudar e, no Ceará, já é possível visualizar sinais de que 2015 não será fácil para os trabalhadores, já que, de janeiro a março, mais de 10 mil pessoas foram demitidas em todo o Estado, isso levando em conta apenas os principais setores da economia local.

Construção civil e pesada, comércio, indústria de confecções, calçadista e têxtil são apenas alguns setores que estão sendo impactados pelo momento instável da economia brasileira, sem falar nos reajustes significativos promovidos neste início de ano, como na energia e nos combustíveis, que elevam os custos e, consequentemente o preço do produto final. Some isso ao fato do consumidor estar freando as compras por conta da situação apertada, desencadeando assim uma queda na produção, e o resultado aparece: demissões.

"O desemprego é um câncer. Com ele vem a redução no poder de compra, queda na confiança do consumidor e elevação da inadimplência. Isso para citar só alguns problemas. É algo que evitamos com unhas e dentes, mas chega uma hora que não tem como segurar", comenta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves.

Só o começo

Dentre os setores que a reportagem entrou em contato, alguns não souberam estimar quantas pessoas haviam sido demitidas no Ceará neste primeiro trimestre de 2015, mas foram unânimes em afirmar: se a situação não mudar, os cortes aumentarão. "Já estamos com um quadro muito apertado, que foi mantido nestes meses iniciais do ano. Se o faturamento cair muito, porém, não teremos como suportar. Teremos que dispensar trabalhadores", avisa o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Ceará (Sindipan-CE), Lauro Martins.

Quem também tem motivos de sobra para se preocupar são os trabalhadores da indústria, que tem perdido força no Estado nos últimos anos. Os setores de confecção e de calçados, por exemplo, duas das principais atividades do Ceará, já demitiram juntos, até o momento, aproximadamente 3 mil pessoas em todo o território cearense. Queda na demanda do mercado interno, retração nas exportações e carga tributária pesada são apenas alguns fatores que estão pesando contra a produção.

"Não há pedidos. Os estoques estão dando para suprir a demanda, que está reduzida. Assim, o ritmo de produção cai e as demissões acontecem", explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado do Ceará (Sindconfecções), Marcus Venicius Rocha.

Até o clima pesa

Se não bastasse a delicada conjuntura macroeconômica do País, até o clima tem pesado contra os trabalhadores cearenses neste início de ano. Um exemplo é o setor da construção pesada, que demitiu, de janeiro a março de 2015, cerca de 4 mil trabalhadores. O motivo principal, diz o sindicato dos trabalhadores, são as chuvas, que têm paralisado diversas obras no Estado.

Áquila Leite
Repórter

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.