CE: imóveis montados passam a ser tendência no mercado

Tecnologia promete reduzir o desperdício de material e enxugar em até dez vezes o custo de uma obra

Escrito por Redação ,
Legenda: Evento reúne cerca de 500 profissionais do setor em busca de processos que ajudam a reduzir tempo e custo. Um dos destaques da edição deste ano é a impressão em 3D aplicada à construção
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Construções prontas em um tempo menor e com menos desperdício de material nos canteiros de obras, graças à processos inovadores adotados por empresas do setor da construção civil. O cenário já não é incomum nos continentes europeu e asiático, mas ainda pode e deve cair no gosto dos projetos executados localmente. Para discutir a importância da inovação na redução de custos e de prazos e, por que não, para a sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo, é realizado em Fortaleza a segunda edição do evento InovaConstruir, que recebe mais de 500 participantes de todo o Nordeste com o desejo de, cada vez mais, "montar", deixando de lado a "construção artesanal".

Para André Montenegro, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), responsável pela realização do evento, é preciso "discutir a inovação e pensar na sobrevivência". "Nós passamos por momentos difíceis, a economia, como um todo. A Construção Civil ainda tem muito a avançar em temas como gestão de novos materiais e de recursos humanos. Se as empresas não pensarem seus negócios de forma diferente, elas vão sofrer bastante", avalia.

Uma das inovações discutidas no InovaConstruir deste ano é o uso da impressão 3D na construção, o que pode conferir um custo até dez vezes menor na comparação com uma obra tradicional.

Reação do mercado

André Montenegro destaca que o mercado imobiliário cearense já conta com números melhores, o que, segundo ele, deve refletir em novos lançamentos no segundo semestre do ano que vem. "O cenário que eu vejo para 2018 é de retomada das vendas. As construtoras vão baixar seus estoques e no segundo semestre de 2018 a gente deve ouvir falar em novos lançamentos", diz o presidente do Sinduscon-CE.

Para ele, tudo isso deve ser impulsionado pela taxa básica de juros (Selic) baixa. "O principal de tudo isso é o juro baixo. As pessoas voltam a consumir, voltam a comprar os seus imóveis, então o juro baixo é o principal fator para a retomada do crescimento", destaca Montenegro.

Diante da expectativa de retomada mais robusta das vendas de imóveis, incorporar processos inovadores se torna ainda mais essencial. Para o engenheiro civil, conselheiro do Programa de Inovação da Indústria da Construção Civil (Inovacon-CE), braço de inovação do Sinduscon-CE, o setor vem passando por "intensa e necessária mudança". "A gente ainda trabalha com práticas do passado, como o uso da alvenaria, que é muito comum nos nossos empreendimentos e é um processo construtivo que remonta as pirâmides do Egito. Hoje, com os desafios de custo e de viabilização de empreendimentos, está cada vez mais necessário fazer essas mudanças no processo construtivo para poder torná-los viáveis", destaca Parente.

Futuro

Na avaliação dele, portanto, o setor no Estado ainda tem muito a percorrer em termos de inovação na Construção Civil. "Nós ainda somos uma indústria muito relacionada ao artesanal. O nosso setor tem um desafio muito grande de industrialização, de uma construção seca, que não use argamassa", explica. "A medida que a gente torna o processo mais industrial, a gente consegue ser mais eficiente e garantir mais qualidade para o nosso cliente final. O que eu posso dizer é que estamos no meio de uma mudança obrigatória para poder tornar as construções mais viáveis e eficientes".

Apesar de reconhecer que ainda há muito caminho até que o setor cearense seja destaque em inovação, Reginaldo Parente pontua que, aqui, já há construtoras que trabalham usando estruturas inovadoras como as metálicas basicamente prontas e outras estruturas pré-moldadas, como as que já foram vistas em algumas obras do Minha Casa, Minha Vida no Estado.

"Trazendo para a nossa realidade, já trabalhamos com estruturas pré-moldadas na construção de shoppings, de hotéis, mas na residencial ainda não é possível visualizar esses processos, então a gente já vê certo avanço, mas no dia a dia da nossa Cidade ainda usamos um sistema que não é muito mecanizado. O desafio é transformar essa construção em algo mais industrializado", finaliza Parente.

O que eles pensam

Construção busca transformações

"Nós procuramos trabalhar com menos gente, mas profissionais muito capacitados. O meu sonho é parar de construir, eu quero montar! Acredito que a gente tem que parar com o artesanato, nós somos da indústria da construção civil e muita coisa ainda é feita de forma artesanal. Nós somos industriais, somos montadores e hoje a gente tem tecnologia para inovar"

José Simões
Presidente da J. Simões Engenharia

"Primeiro, a gente ainda está na inércia dos distratos. A gente tá precisando que esses estoques de imóveis acabem para que a gente possa lançar os projetos que as construtoras têm. Nós não podemos ficar nesta mesmice, temos que desovar tudo isso para se equilibrar. Há a inovação no mercado, mas construtoras ainda estão concentradas nas obras que já haviam sido iniciadas"

Hélio Galiza
Presidente da Coopercon-CE

"O próprio governo, quando resolveu trazer o Minha Casa, Minha Vida, estimulou o setor a pensar de uma forma diferente, porque o prazo já não permitia mais a construção de uma casa da forma tradicional. A gente viu uma série de empresas que não eram da habitação popular migrando para esse segmento, mas trazendo consigo processos interessantes"

Rodrigo Quental
Gerente Executivo de Habitação da Caixa para Fortaleza

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