CE conhece experiências para trabalhar inovação

Missão à Colômbia é mais um passo do Estado com vistas a implementar ecossistema inovador

Escrito por Armando de Oliveira Lima* - Repórter ,

Bogotá (Colômbia). Após conhecer experiências exitosas em Israel e Espanha, no ano passado, e, agora, na Colômbia, o governo cearense, a iniciativa privada e a academia, devem iniciar o desenvolvimento de um conceito de inovação que estimule a criação de um ecossistema sustentável no Ceará, segundo afirmou o titular da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Maia Júnior, após visita ao programa Consciências, desenvolvido pelo Governo Federal colombiano.

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"O Ceará precisa, agora, desenvolver um conceito e iniciar o trabalho, que seja um projeto de governo. Afinal, todos os atores que podem desenvolver isso estão aqui representados", declarou, referindo-se aos membros da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), Associação dos Jovens Empresários do Ceará (AJE-CE), além de membros de secretarias e órgãos estaduais e da Universidade Federal do Ceará (UFC), os quais compõem a comitiva cearense que percorre cidades colombianas desde a última segunda-feira (7) na busca de identificar experiências que possam servir de exemplo ao Estado.

Provocação à juventude

De acordo com Maia, "há muitas práticas inovadoras feitas no Ceará", mas é preciso familiarizar o empresário com essa nomenclatura e concentrar esforços em, no máximo, cinco nichos de mercado, para que os riscos não se sobreponham aos resultados a ser obtidos.

Na avaliação dele, agentes como o governo devem atuar como mentores desse projeto, dando vez "a essa garotada, que precisa de assessoramento".

A provocação à juventude feita pelo secretário foi respondida pelo representante da AJE na Federação das Associações dos Jovens Empresários no Ceará (Fajece), Rafael Fujita, que contou do trabalho feito juntamente aos associados, promovendo capacitações, rodadas de negócios, dentre outros projetos.

"Acredito que, para desenvolver um projeto sustentável de inovação, devemos começar como estamos, aliados a instituições como Fiec e Sebrae, para desenvolver um trabalho forte", afirmou Fujita.

Alertas do mercado

O imediatismo nos resultados, como demonstrou o processo de seis meses desenvolvido pelo governo colombiano para médias e pequenas empresas, foi apontado pelo presidente do Conselho Temático de Inovação e Tecnologia da Fiec, Sampaio Filho, como fundamental para tornar o modelo cearense de inovação viável. "Precisamos que essa política de estado seja voltada para os resultados, até porque muito do que vimos aqui é feito no Ceará, mas de uma forma ainda não articulada", observou.

Sobre onde buscar recursos para garantir o investimento inicial dos negócios, ele assegura que, "se o projeto for bem feito e consolidado, e validado por todas essas instituições envolvidas, o dinheiro vem por consequência".

Já Robertta Mota, diretora de Inovação, Tecnologia e Saúde da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), cobra mais participação dos principais agentes envolvidos neste processo para o desenvolvimento de uma cultura inovadora. Na análise dela, que trabalhava na iniciativa privada até janeiro deste ano, é preciso consciência e disposição para que não haja o que classifica como "sombreamento institucional" - quando um ator busca dominar um segmento ou nicho, atrapalhando ou prejudicando outro.

Expertise colombiana

Guiados pelo diretor geral da consultoria IXL Center, em Boston (EUA), o brasileiro Manuel Mendes, e pelo diretor no Brasil, Gustavo Zevallos, o grupo cearense conheceu de perto a experiência que tornou a Colômbia um exemplo de sucesso em inovação na América do Sul.

O projeto Consciências, do governo colombiano, promoveu a articulação entre agentes de educação, investigação, inovação e cultura, articulando oito diferentes câmaras de comércio (o que equivale às federações das indústrias, no Brasil) e estabeleceu a meta de ser o País de maior ambiente inovador da América do Sul, abandonando o índice de 76,8% de empresas que não se reconheciam como inovadoras.

Ao concentrar-se em pequenos e médios negócios, cuja sobrevivência não apresentava riscos altíssimos como nas startups, e cobrando resultados, o projeto logrou êxito ao garantir, dentro de seis meses, um retorno de 60% do valor investido. "O grande problema no Brasil e no Ceará, é que se investe muito mais do ponto de vista da ideia. Não se atinge resultados só com isso", destacou Mendes. A partir dessa concepção, o governo alcançou a marca de 782 alianças - inclusive internacionais -, 460 empresas apoiadas, 1.137 qualificações, além de contabilizar um investimento de 93,438 milhões de pesos colombianos (cerca de R$ 116,3 mil)

No período da tarde, os cearenses foram os primeiros a conhecer o centro de inovação do Grupo Bolívar, batizado de Domo. Formado por um conglomerado de 23 empresas e contabilizando 64 anos de atuação nos mais diversos mercados - construção civil, banco, seguros, dentre outros -, o grupo iniciou os trabalhos de inovação há dez anos e, atualmente, desenvolve ideias e capacita parte dos 23 mil colaboradores em técnicas inovadoras. Por fim, conheceram o projeto da Claro na Colômbia, que foi apoiado pelo Consciências e desenvolve produtos para o mercado de jogos eletrônicos.

"Essas duas empresas fazem parte de um dos três grupos apoiados pelo projeto que contou com a IXL. São conglomerados empresariais ou grandes empresas que fazem parte de um, e o grande desafio delas é criar cultura inovadora", afirmou Manuel Mendes.

*O jornalista viajou a convite do Governo do Estado e da Fiec

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