Capital precisa do triplo de antenas que tem hoje

Levantamento aponta Fortaleza como a terceira pior cidade em cobertura do País, atrás de Goiânia e Salvador

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Estudo da Abrintel aponta que, além das ligações, é preciso uma infraestrutura que garanta e dinamize a chamada economia 2.0
Foto: Foto: Cid Barbosa

Para atender aos clientes na Capital cearense dentro da qualidade recomendada, as operadoras de telefonia precisariam triplicar o número de torres de transmissão em Fortaleza. É o que revela levantamento feito pela Associação Brasileira de Infraestrutura para as Telecomunicações (Abrintel), entidade que reúne as principais empresas detentoras de infraestruturas para a instalação de Estações Rádio Base (ERBs) e suportes.

Segundo o estudo, há 2.846 assinantes em Fortaleza para cada uma das 910 torres de transmissão instaladas na Capital. Essa média é muito superior à utilizada como referência para a entidade, que recomenda a proporção de mil assinantes para cada equipamento, no intuito de garantir o atendimento à demanda pelas operadoras.

"Fortaleza precisaria, praticamente, triplicar o seu número atual de ERBs para poder ficar no nível bom de densidade populacional por ERB", apontou Lourenço Coelho, presidente da Abrintel. Ele lembra que, mesmo que a quantidade de antenas não tenha uma relação direta com a qualidade do serviço, é um indicador da situação.

Em comparação às outras 26 capitais brasileiras, a média de Fortaleza de habitantes por antena é a terceira pior, ficando à frente somente de Goiânia (4,32 mil) e de Salvador (2,88 mil). Quem lidera o ranking é a capital de Santa Catarina, Florianópolis, com média de 1,15 mil habitantes por antena, seguida de Porto Alegre (1,49 mil), Vitória (1,51 mil), Cuiabá (1,52 mil) e Curitiba (1,77 mil).

O levantamento lembra que, hoje, um serviço de qualidade, que dinamize a economia 2.0 e transforme a cidade em uma sociedade digital, vai muito além da possibilidade de realizar uma ligação telefônica, passando por uma infraestrutura que suporte o crescente tráfego de dados, como os dos aplicativos de celular e das máquinas de cartão.

Problemas

Como os municípios são responsáveis pela regulação da instalação de antenas, Coelho aponta que uma das principais falhas da Capital no tema é o estabelecimento de um número máximo de torres por metro quadrado, o que, na avaliação do setor, limita o desenvolvimento na Região. Outro entrave apontado por ele é a proibição de instalação de antenas em topos de prédios (tipo rooftop).

O presidente menciona ainda a exigência de concordância de todos os vizinhos que tenham confrontação com o imóvel onde a torre seria instalada como procedimento dificultador da expansão do negócio. "Falta (em Fortaleza) legislação alinhada aos preceitos da recém aprovada Lei das Antenas, lei federal de 2015, que forneça segurança regulatória e favoreça os novos investimentos", cobrou.

Sancionada em abril do ano passado, a Lei das Antenas trouxe, entre outras medidas, a fixação de um prazo máximo de 60 dias para a emissão de licença para a instalação de torres. O setor avalia que as novidades vão desburocratizar o processo de licenciamento e permitir a melhoria da capacidade das redes e da qualidade dos sinais, mas é preciso que os municípios revisem suas legislações.

Segundo o levantamento, as empresas do setor investiram nos últimos anos mais de R$ 8 bilhões no País. Até 2019, elas teriam um potencial de investimento de mais de R$ 4 bilhões.

Procurado pela reportagem, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) afirmou que não se posicionaria sobre o assunto.

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