Brasil só está à frente da Ucrânia em crescimento

Em uma lista com 37 países feita pela Austin Rating, a economia brasileira teve o 36º pior resultado

Escrito por Redação ,

São Paulo. A queda de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2013 coloca o Brasil próximo da lanterna do ranking de crescimento dos países, só à frente da Ucrânia, que vive uma guerra civil e amarga uma contração de 4,7%.

De acordo com uma lista de 37 países compilada pela Austin Rating - com base em dados dos bancos centrais, da Eurosat e do Banco Mundial -, o desempenho da economia brasileira no trimestre passado foi pior não só que o de países desenvolvidos que ainda sofrem com os efeitos da crise de 2008, mas também que a da maioria dos emergentes e do que economias europeias que quase foram a pique recentemente, como as da Grécia (que teve queda de 0,2% no trimestre), de Portugal (que agora cresceu 0,8%), e Espanha (que avançou 1,2% no trimestre passado).

Gestão

"Esses dados deixam evidente que o Brasil tem profundos problemas na gestão da economia doméstica, com uma política fiscal que vai contra a monetária, que resulta em juros altíssimos e inflação alta e a atividade em retração. O que leva à perda da confiança entre empresários, consumidores e analistas e só piora o quadro", avalia Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

Posição

Para ele, a posição do Brasil seria ainda pior no ranking - é o 36º colocado numa lista de 37 países - se Índia, Canadá e República Checa, entre outros países, tivessem divulgado seus números. "O governo nem pode alegar os problemas de Venezuela e Argentina, porque outras economias latino-americanas, como Peru (11,7% de crescimento no segundo trimestre), México (1,6%) e Chile, (1,9%) vão bem", acrescenta Agostini, para concluir: "É um desempenho desastroso e que não gera grandes expectativas para o futuro".

País pode perder posto de 7ª economia

Rio. A Índia pode ultrapassar o Brasil em tamanho de economia antes do previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Nas projeções do órgão, o país asiático superaria a economia brasileira em 2018. "Mas isso leva em consideração projeções otimistas do FMI, então pode acontecer antes", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, que considera bastante provável que isso ocorra já em 2017.

Hoje, o Brasil é a sétima maior economia do mundo, enquanto a Índia figura na 10ª colocação. "O Brasil, que chegou a se aproximar do sexto lugar, agora fica mais afastado e pode até perder esse patamar antes do previsto", disse Rostagno.

O FMI projeta crescimento de 1,3% para a economia brasileira em 2014 e de 2,0% em 2015, conforme o relatório Perspectiva Econômica Global divulgado em julho. O economista, contudo, considera esses resultados irrealizáveis. Ele projeta avanço de 0,2% neste ano e de 1,0% no ano que vem. "O Brasil de fato mudou de rumo", disse.

A Índia, por sua vez, está em trajetória de aceleração. No segundo trimestre, cresceu 5,7% na comparação com igual período de 2013 (o Brasil, nesta comparação, cedeu 0,9%). Em 2014, na projeção do fundo, a economia indiana deve se expandir 5,4%, acelerando para 6,4% em 2015, 6,5% em 2016 e 6,7% em 2017 e em 2018.

Exportação cresce mais que importação

Rio. As exportações de bens e serviços na economia brasileira cresceram 2,8% no segundo trimestre deste ano na comparação com os três primeiros meses de 2014, informou ontem o IBGE. Como as importações caíram 2,1%, o resultado do comércio exterior ajudou a atenuar a queda do PIB, que foi 0,6%.

Os principais produtos que puxaram a alta das exportações foram os da indústria extrativa mineral, especialmente o petróleo e o carvão, assim como os metalúrgicos, os agropecuários, os da siderurgia e os óleos vegetais. As importações, por outro lado, caíram em grande parte pela redução das compras de máquinas e tratores, de produtos da indústria automotiva, de equipamentos eletrônicos, material elétrico, extrativismo mineral, perfumaria e farmacêuticos. A queda da importação de bens de capital foi uma das causas do recuo nos investimentos.

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