Brasil cria 59,8 mil empregos; Ceará perde 675 vagas formais

No Estado, apesar do resultado negativo, o desemprego mostrou uma desaceleração

Escrito por Redação ,
Legenda: O setor de serviços foi o que apresentou maior salgo positivo para o mês no Ceará, com 177 postos de trabalho, segundo o Caged
Foto: Foto: Silvana Tarelho

Brasília/Fortaleza. O Brasil abriu 59.856 vagas de emprego formal em abril, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem (16) pelo Ministério do Trabalho. O resultado decorre de 1,141 milhão de admissões e 1,081 milhão de demissões. Esse foi o primeiro resultado positivo para o mês desde 2014, quando foram abertas 105 mil vagas. Nos quatro primeiros meses de 2017, há ainda uma perda de 933 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses, há um fechamento de 969.896 vagas.

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O desempenho positivo do mercado de trabalho no Brasil, contudo, não se repetiu no Ceará. O Estado perdeu 675 vagas de emprego em abril deste ano, registrando queda de 0,06% em relação a março, o que denota uma certa estabilidade no mercado de trabalho local. De acordo com dados do Caged, foram 26.576 admissões contra 27.206 demissões no período. Este é o melhor resultado para o mês no Estado em três anos.

Entre os estados do Nordeste, só a Bahia (0,35%) e o Piauí (0,13%) tiveram saldo positivo no último mês. O Ceará (-0,06%) aparece com o segundo menor recuo, atrás de Sergipe (-0,05%). Com -1,23%, a maior queda foi observada no estado de Alagoas.

A desaceleração no mercado de trabalho cearense foi puxada pelo desligamento de funcionários nos setores da construção civil (-491 vagas); comércio (-252); indústria de transformação (-184); e agropecuária (-132). Todos os demais setores apresentaram saldo positivo: serviços (177); administração pública (113); serviços industriais de utilidade pública (89); e extrativa mineral (5).

No construção civil, setor que gera o maior número de empregos no País, as demissões deverão continuar ocorrendo no Estado até o fim do ano. O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, explica que a baixa está relacionada ao atual cenário do mercado imobiliário cearense, em que as empresas priorizam a venda do estoque de imóveis e evitam lançar empreendimentos.

"Nossa previsão é que o nosso estoque comece a cair com mais força no segundo semestre deste ano. A partir daí, as empresas devem começar a pensar nos lançamentos, mas isso só no início de 2018. Para retomarmos os empregos no setor, só depois do início das obras dos empreendimentos", afirma André Montenegro, dizendo que, no setor da construção civil cearense, "ainda não é possível sentir uma saída da recessão econômica".

Balanço

Neste ano, o Ceará já perdeu 10.354 postos de trabalho, acumulando retração de 0,93%. Segundo o Caged, foram 120.100 admissões e 130.454 demissões. Já nos últimos 12 meses, foram subtraídas 30.557 vagas, com uma queda de 2,71%, sendo 368.586 contratações e 399.143 desligamentos.

Em números absolutos, entre os municípios cearenses que mais geraram vagas em abril estão: Missão velha (229 postos de trabalho); Caucaia (221); Barbalha (212); Eusébio (114); e Horizonte (89). Por outro lado, aparecem entre as cidades que mais demitiram: Fortaleza (-813 vagas); Sobral (-292); Juazeiro do Norte (-115); Paracuru (-108); e Aquiraz (-82).

Desde o início da série histórica do Caged, em 2013, março nunca havia apresentado queda até 2015, com o agravamento da crise econômica no Brasil. Naquele ano, foram contabilizadas 3.547 demissões no mês. Em igual período de 2016, foram 2.266 desligamentos.

Concentração

Considerando todo o mercado de trabalho brasileiro, o saldo positivo de 59.856 vagas de emprego formal em abril se concentrou no Centro-Sul do País.

A Região Sudeste registrou a abertura de 46.039 postos de trabalho no mês passado, seguido pelo Centro-Oeste, com 10.538 vagas criadas.

Na Região Sul, houve um saldo positivo de 5.537 empregos. Já na Região Norte, houve um fechamento de 1.139 vagas em abril, enquanto na região Nordeste o saldo foi negativo em 1.119 vagas.

Estados

Dentre os estados brasileiros, São Paulo liderou a criação de empregos no mês de abril, com 30.227 vagas, seguido por Minas Gerais (14.818), Bahia (7.192), Goiás (7.170) e Paraná (6.742), informou o Caged.

Já Alagoas perdeu 4.008 postos de trabalho e foi a Unidade da Federação com maior fechamento de vagas, seguido por Rio Grande do Sul (3.044) e Rio de Janeiro (2.554).

Opinião do especialista

'Há uma grande incógnita No mercado'

Embora seja um resultado positivo, a situação ainda não está melhorando. Há uma grande incógnita no mercado de trabalho. A maioria dos setores está com resultados negativos, como o comércio e a construção civil. Por outro lado, há uma relativa estabilidade do setor industrial. No caso do Ceará, o resultado está muito abaixo da série histórica. Já são mais de 10 mil postos de trabalho fechados de janeiro a abril deste ano. No comércio, foram mais de 5 mil vagas fechadas. O que mostra que o impacto dessa crise do emprego não é isolada e passa por todos os setores. Os dados do Caged dão algumas pistas da tendência, mas é necessário um monitoramento de emprego na Região Metropolitana de Fortaleza. A descontinuidade da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) gerou dificuldade de avaliar o mercado de trabalho local.

Erle mesquita - Coordenador de Estudos do IDT

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