Boeing e Embraer negociam acordo

Escrito por Redação ,

São Paulo/Brasília. As fabricantes de aviões Embraer e Boeing anunciaram ontem (21) que estudam uma "potencial combinação", mas sem deixar claro que tipo de negócio seria esse. De acordo com a nota conjunta divulgada pelas empresas, as bases de um potencial acordo ainda estão em discussão, e "qualquer transação estaria sujeita à aprovação do governo brasileiro". A notícia fez as ações da Embraer dispararem na Bolsa de Valores de São Paulo: fecharam em alta de 22,5%, para R$ 20,20. Com isso, o valor de mercado da Embraer superou R$ 15 bilhões, ou R$ 3 bilhões a mais do que na véspera.

Reportagem do jornal americano The Wall Street Journal aponta que a empresa americana teria interesse em adquirir o controle da companhia brasileira. Mas essa posição deve enfrentar resistência dentro do governo, principalmente nas áreas militares. O comando da Aeronáutica, por exemplo, afirmou considerar a Embraer "uma empresa estratégica e fundamental para a soberania nacional".

De acordo com um ministro ouvido pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o presidente Michel Temer disse que a Embraer é "inegociável". A preferência dentro do governo, nesse caso, seria pela negociação de acordos de parceria entre as duas empresas.

Na área econômica, porém, a venda do controle da Embraer não enfrentaria tanta resistência. Uma fonte avaliou que seria uma operação complicada, porque a Embraer tem muita participação no Brasil em desenvolvimento de tecnologia e na produção de equipamentos militares. Mas disse, porém, que perder o controle da companhia não seria um problema para o governo.

Aval do governo

Um acordo entre as duas companhias teria de passar pelo aval do governo brasileiro por conta de uma ação especial que a União detém desde que a Embraer foi privatizada, em 1994.

Essa ação especial dá direito de veto em decisões importantes, como a criação ou alteração de programas militares e a transferência do controle acionário. Apesar do direito de veto, o governo tem uma participação de apenas 5,4% na empresa, por meio do BNDESPar, o braço de participações do BNDES.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.