Bebidas frias: setor será ouvido

A ideia do governo é ouvir antes os empresários. É provável que a elevação venha apenas após as eleições

Escrito por Redação ,
Legenda: As bebidas frias representam de 30% a 40% do faturamento dos bares e restaurantes, variando conforme o tipo de estabelecimento
Foto: FOTO: RAFA ELEUTÉRIO

Embora o governo federal não tenha desistido de aumentar a cobrança de impostos no setor de bebidas frias ainda este ano, é quase certo um adiamento da majoração, prevista para 1º de setembro próximo. O setor inclui cervejas, água e refrigerantes. A ideia é ouvir antes os empresários. É provável que a elevação venha apenas após as eleições. Além do desgaste político, o novo adiamento tenta evitar pressões adicionais sobre a inflação. Estudos da Receita Federal sinalizam reajuste médio de 15%, o que se confirmar, apontam representantes do setor, totalizará mais de 80% de incremento no acumulado dos últimos três anos, quando esses produtos sofreram diversos aumentos de taxação.

Segundo o presidente do Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Ivan Paiva Assunção, se mais um adiamento ocorrer será uma surpresa. "Antes da Copa do Mundo nos movimentamos junto à indústria e ao governo para que não houvesse essa majoração nos impostos das bebidas frias, ficando acordado que correria após o evento. Então se não vier agora será uma surpresa para nós", afirma.

Conforme disse, considerando as majorações de impostos sobre o setor de 2011 até setembro de 2013 já somam 66%. "Com mais um aumento na casa dos 15%, no acumulado dos últimos três anos teríamos mais de 80% de elevação. O impacto no preço seria de imediato. Não tem como a indústria não repassar e os bares e restaurantes também", argumenta. "E é sempre isso. Toda vez que o governo da subsídio em alguma área, para não perder receita, ele aumenta os impostos em outra, como no caso de bebidas. Só que este setor, ao contrário de outros apontados como supérfluos, tem um forte consumo da população e o impacto sobre a inflação seria inevitável.

Demanda

De fato, explica o presidente da Abrasel-CE, mesmo diante de aumentos sucessivos na carga tributária sobre as bebidas frias, a demanda não tem sido afetada por este motivo. "Não temos observado queda de demanda. Pelo contrário. No mínimo o crescimento vegetativo do consumo tem ocorrido. Agora, o que acredito é que estamos chegando perto do ponto de rompimento, ou seja, próximo a uma situação insuportável pelo setor. Não adianta se enganar, toda majoração é repassada. É desestimulante", emenda o presidente do Sindicato das Indústrias de Águas Minerais Cervejas e Bebidas em Geral no Estado do Ceará (Sindbebidas), Cláudio Targino. Ainda de acordo com Ivan Paiva Assunção, da Abrasel-CE, as bebidas frias representam de 30% a 40% do faturamento dos bares e restaurantes, variando conforme o tipo de estabelecimento.

Anchieta Dantas Jr.
Repórter

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