BC reforça alerta sobre o risco das moedas virtuais
Brasília. Em meio ao crescente interesse dos brasileiros por investimento nas moedas virtuais, como o bitcoin, o Banco Central subiu nesta quinta-feira (16) o tom do alerta em relação a esse mercado. A instituição afirmou, em comunicado oficial, que as moedas virtuais não têm nenhuma garantia, nem são lastreadas em ativos reais. Segundo o BC, quem investe em divisas como o bitcoin pode perder todo o dinheiro.
"Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferida pelos indivíduos ao seu emissor", diz a autarquia. O BC lembrou ainda que as empresas que negociam ou guardam as moedas virtuais não são reguladas ou supervisionadas. Na prática, se algo acontecer com os investimentos, não é possível recorrer ao BC.
Essa não é a primeira vez que o Banco Central faz um alerta sobre os riscos de investir nesse mercado. A instituição financeira sentiu a necessidade de reforçar o aviso em função do aumento da procura dos brasileiros pelas moedas virtuais.
A busca por bitcoins fez a cotação subir 683% em 2017, tomando-se como referência o Nyse Bitcoin Index, um índice que é negociado na Bolsa de Nova York. No Brasil, a alta da moeda no ano, em reais, também é superior a 600%.
Segundo estimativa de fontes de mercado, são movimentados cerca de R$ 30 milhões por dia em bitcoins no Brasil. Se forem consideradas as demais moedas virtuais, como litecoin e ethereum, esse valor chega a bater os R$ 50 milhões.
As cifras são pequenas, considerando o tamanho do mercado brasileiro de ativos como ações, dólar e contratos de juros. O mercado futuro de dólar na Bolsa, por exemplo, movimenta US$ 14 bilhões por dia.
No comunicado feito ontem, o próprio Banco Central reconheceu que, no Brasil, ainda não há "riscos relevantes" trazidos pelas moedas virtuais ao Sistema Financeiro Nacional (SFN). No entanto, o País vem passando por um processo de sofisticação desse mercado, com cada vez mais opções de produtos.
Corretoras
Além disso, bancos e corretoras que atuam no mercado financeiro tradicional já estão começando a voltar suas atenções para as moedas virtuais, diante do interesse crescente. A corretora XP, por exemplo, registrou a marca "XP Bitcoin" e prepara-se para atuar com bitcoins.
Para Rodrigo Batista, sócio da MercadoBitcoin, empresa que atua na negociação das moedas virtuais, o Banco Central está certo em fazer seus alertas sobre o mercado das moedas virtuais.
"Também achamos que o investimento traz riscos", ressalta. Ele descarta, porém, que o bitcoin seja uma "bolha". "Até hoje ela não estourou", acrescenta Rodrigo Batista.