Banco do Nordeste reduz juros para capital de giro

Segundo o Banco, novas taxas foram possíveis por conta do aumento da participação de recursos do FNE

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Até o momento, já foram contratados no ano, por meio do BNB, quase R$ 6 bilhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste. Para o capital de giro, o saldo é de cerca de R$ 2 bilhões, segundo o presidente da Instituição

Às vésperas do início do segundo semestre, quando tradicionalmente a economia está mais aquecida, o Banco do Nordeste (BNB) reduziu as taxas de juros do financiamento do capital de giro em uma média de 15% a 20%. Já disponibilizado para novos contratos por antigos e novos clientes desde ontem, as taxas cobradas passaram a variar de 0,88% a 1,32% ao mês - até a última terça-feira (27), as taxas praticadas pelo banco eram de 0,95% a 1,78% ao mês.

As novas condições são válidas para empresas de qualquer porte e segmento para as linhas de capital de giro. As taxas praticadas dependerão, essencialmente, do porte da empresa, da sua nota de risco e do prazo estabelecido para o pagamento. Com a mudança, o banco espera em torno de 30% de demanda por novos clientes até o final do ano, dadas as condições do cenário econômico.

Assim, os juros para essa modalidade de crédito passam de 0,95% e 1,04% ao mês para 0,88% mensais, no caso de empresas com faturamento até R$ 16 milhões ao ano. Para faturamento entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões anuais, as taxas, que variavam entre 1,16% e 1,54% ao mês, caem para 0,95% e 1,04% mensais. No caso das empresas que têm um faturamento acima de R$ 90 milhões ao ano, os encargos de 1,30% e 1,78% passam a variar de 1,12% a 1,32% mensais.

Segundo o presidente da instituição, Marcos Holanda, as novas taxas puderam ser estabelecidas por conta do aumento da participação de recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) no fundo de financiamento para capital de giro. "O capital de giro é financiado via FNE e recursos que o banco capta no mercado, que tem uma taxa mais alta. Com o aumento da participação do FNE, a gente pode ter taxas menores", explica.

De acordo com Holanda, já foram contratados, no ano, quase R$ 6 bilhões do FNE. Para o capital de giro, ele destacou que o saldo é de cerca de R$ 2 bilhões. "Esperamos que vá ter em torno de 30% de demanda nova (pelo financiamento) até o fim do ano dado o momento da economia", destacou o presidente, apontando não haver um valor fixo para o investimento. "Quem vai definir é a demanda".

A mudança não irá valer para os contratos de crédito que já foram fechados anteriormente, mas Holanda destaca que os financiamentos de capital de giro tendem a ser mais curtos. "Quando reabrir, já vai ser com os juros menores", apontou. Não houve mudanças em relação às garantias ou aos prazos que, de acordo com o gestor, já são bem maiores que os oferecidos por bancos privados. "Normalmente é um ano e oferecemos em até 36 meses".

"Oxigênio"

Para o presidente, a redução vem em um momento certo por conta das dificuldades enfrentadas pelas empresas, principalmente pequenas e médias. "Capital é o oxigênio das empresas. Você pode ter uma superempresa, se não tem oxigênio para rodar no dia a dia, morre na praia. Numa situação econômica mais adversa, o capital de giro é muito importante", ressaltou Holanda.

Ele aponta que a demanda adicional por crédito tem se concentrado no capital de giro porque, com a recessão, as empresas têm ficado mais pressionadas. "É importante para dar uma reanimada, a economia do Nordeste sempre enfrenta uma adversidade maior. No Ceará, por exemplo, no início do período das férias, todo o setor de serviços precisa de capital de giro, e já vai poder financiar com juros mais baixos", ressaltou.

Tendência de queda

Segundo Marcos Holanda, a tendência é que essa taxa venha a cair mais ainda no futuro, tendo em vista as sucessivas quedas da taxa Selic. "Não é uma decisão do banco os juros do FNE, mas do conselho monetário. Tem espaço para cair, o banco veria com bons olhos. Com a taxa Selic caindo, seria normal que o FNE seguisse essa tendência", destacou o presidente, ressaltando que isso reduziria ainda mais a taxa para o capital de giro.

Simulação

O presidente ainda ressaltou que os antigos e novos clientes podem fazer a simulação e a solicitação do crédito por meio do site do banco. Para a contratação, ainda é necessária a ida até uma agência, mas a expectativa é de que, até setembro, os clientes possam contratar o crédito diretamente do site.

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