As boas notícias que o setor produtivo do Ceará quer para 2017

Embora tenham consciência de que o próximo ano ainda será repleto de desafios para a economia nacional, líderes classistas do Estado acreditam que o Brasil começa a trilhar o caminho rumo à retomada do crescimento

Escrito por Raone Saraiva - Repórter ,

Redução do desemprego, aumento do consumo, consolidação das reformas previdenciária e trabalhista, volta das chuvas e a tão esperada retomada do crescimento econômico do Brasil são os principais desejos do setor produtivo do Ceará para 2017. Sonhos antigos que estão sendo perseguidos com mais força desde 2015, mas ainda não foram realizados neste ano por causa do agravamento da crise político-econômica.

Embora tenham consciência de que 2017 ainda será repleto de desafios para a economia nacional, líderes classistas do Estado esperam boas notícias. Acreditam que "a casa está sendo arrumada", fazendo o País caminhar para a direção certa.

Entre as ações do governo Temer que animam os empresários cearenses está a aprovação da Proposta da Emenda à Constituição (PEC) que congela os gastos públicos da União por 20 anos, bem como as medidas anunciadas, recentemente, nas áreas previdenciária e trabalhista.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart, tanto os investidores nacionais quanto os internacionais já enxergam o Brasil sob uma nova ótica, diferentemente do que ocorria antes de o governo federal implementar reformas para tentar reanimar a economia.

'Esperança'

"O País estava sendo desrespeitado, mas estamos caminhando para um reencontro com a esperança. A PEC 55, por exemplo, foi uma grande conquista para o povo brasileiro, pois o Brasil vem gastando muito mais do que arrecada. Esperamos que os políticos comecem a enxergar além de seus mandatos, fazendo sacrifícios no sentido de ajudar o País a voltar a crescer", afirma.

Quanto à retomada dos empregos na indústria, setor que mais sofre com a recessão econômica, ele acredita que todas as medidas do governo precisam estar alinhadas para que o mercado de trabalho comece a recontratar pessoas nos mais variados segmentos.

"Podemos dizer que a indústria está em processo de reconstrução. O ambiente, agora, é de pacificação. O País começa a ganhar uma nova fisionomia", acrescenta o presidente da Fiec.

Comércio

Mesmo sendo mais resistente à crise econômica, nos últimos anos, o setor do comércio também amarga perdas nos negócios. Prejuízos ligados, principalmente, ao aumento do nível do desemprego e à retração do consumo das famílias, que, por estarem mais endividadas, vêm priorizando gastos essenciais.

Na opinião do presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, já é possível identificar sinais que apontam para a estabilidade econômica do Brasil em 2017, apesar das dificuldades a serem enfrentadas ainda no próximo ano.

Como prova de que o País está "numa rampa de aclive suave rumo à retomada do crescimento", Freitas cita que o governo conseguiu controlar a inflação, uma das mais temidas "vilãs" do comércio, por impactar as vendas diretamente. Neste ano, a expectativa é que a inflação fique em torno de 6,5%, portanto, dentro da meta estabelecida pelo Banco Central.

'Dever de casa'

"Não estamos trabalhando com achismos, mas com indicadores concretos que apontam para essa estabilidade. Alguns segmentos já registram reduções de preços significativas. No Ceará, o comércio vai continuar fazendo a sua parte, o seu dever de casa, buscando suas próprias alternativas, independentemente das ações do governo", destaca.

Por outro lado, o presidente da FCDL-CE diz que as medidas do governo, a exemplo das reformas trabalhista e previdenciária, também são essenciais para estimular a economia.

Em relação aos cortes dos gastos públicos, ele lembra que o governo estadual seguiu a União e criou o "Plano de Sustentabilidade para o Desenvolvimento do Estado do Ceará".

Trata-se de um pacote de medidas que foi lançado pelo governador Camilo Santana, recentemente, para garantir a eficiência da administração pública e a capacidade de investimento nos próximos dez anos.

Agropecuária

Para a agropecuária cearense, além da retomada da economia, o setor precisa do retorno das chuvas, após sofrer com cinco anos consecutivos de seca.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, lembra que a produção vem sendo prejudicada, em razão da suspensão de várias atividades que dependem da água para serem desenvolvidas.

Recursos hídricos

Com o nível médio dos reservatórios hídricos do Ceará registrando em torno de 7% da capacidade total de armazenamento, Flávio observa que o governo está priorizando a água para o consumo humano. "Se tivermos um bom inverno em 2017, teremos também aumento da produção e, consequentemente, mais oferta e melhores preços ao consumidor", exemplifica.

O presidente da Faec elogia o decreto assinado pelo presidente Temer em Fortaleza, no início deste mês, autorizando a renegociação ou liquidação das dívidas rurais de pequenos produtores contraídas até dezembro de 2011. Com a medida, mais de 674 mil clientes do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) serão beneficiados.

Saboya também cobra celeridade nas obras da Transposição do Rio São Francisco e do Cinturão das Águas do Ceará (CAC), que já deveriam ter sido entregues à população.

"Esses equipamentos passarão a dar estabilidade hídrica para o Nordeste e para o Ceará, respectivamente, aumentando as áreas irrigáveis e de produção. Tenho o sonho de ver todos os produtores do Ceará convivendo de forma harmoniosa com a seca. Que a falta de chuva não seja mais vista como um obstáculo", acrescenta.

Turismo

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), Eliseu Barros, informa que os empresários da cadeia de turismo continuarão unidos em 2017, buscando soluções para driblar as dificuldades e esperando que as medidas do governo federal sejam positivas para a economia.

De acordo com ele, o setor do turismo precisa ganhar mais atenção dos gestores públicos, tanto em âmbito nacional como estadual. "O ano que vem ainda será difícil, mas estamos otimistas. Acreditamos que o turismo pode ser a grande redenção do Brasil, diante das nossas inúmeras possibilidades", ressalta.

Para Barros, este período de alta estação no Ceará, que começou no último dia 15 de dezembro e segue até o Carnaval de 2017 (28 de fevereiro) deverá ser melhor.

"Não vai ser fácil, mas vamos continuar trabalhando para crescer. Se houver necessidade, vamos intensificar as promoções, mas quem dita os preços e as ofertas é a demanda", pontua.

Expectativas

"Esperamos que os políticos do Brasil comecem a enxergar além de seus mandatos, fazendo sacrifícios pelo País"

Beto Studart
Presidente da Fiec

"O Brasil está numa rampa de aclive suave rumo à retomada do crescimento. Não estamos trabalhando com achismos"

Freitas Cordeiro
Presidente da FCDL-CE

"Se tivermos um bom inverno em 2017, teremos também aumento na produção, mais oferta e melhores preços"

Flávio Saboya
Presidente da Faec

"Acreditamos que o turismo pode ser a grande redenção do Brasil, diante das nossas inúmeras possibilidades"

Eliseu Barros
Presidente da ABIH-CE

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.