Após ter pedido negado, Grécia dá calote no FMI

O país se tornou a primeira economia avançada a ficar em atraso com o Fundo Monetário Internacional

Escrito por Redação ,
Legenda: Numa última tentativa de evitar o calote, a Grécia fez ontem um pedido de resgate financeiro de dois anos ao fundo ESM, vinculado à União Europeia
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Washington/Atenas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) confirmou ontem (30) que a Grécia não realizou o reembolso do empréstimo de 1,6 bilhão de euros ao fundo, tornando-se a primeira economia avançada a ficar em atraso com a entidade. O não pagamento, o maior da história do FMI, é equivalente a um calote, o que implica em uma violação das obrigações de Atenas.

O porta-voz do FMI, Gerry Rice, afirmou que a Grécia, agora, só pode receber mais financiamento do fundo quando os atrasos forem quitados. Ele confirmou que o país solicitou mais cedo, nesta terça-feira (30), uma prorrogação de última hora do pagamento, o que a diretoria do FMI irá considerar "no momento apropriado".

Ontem, os países da zona do euro rejeitaram o pedido de socorro de última hora feito pela Grécia para evitar um calote de 1,6 bilhão de euros no FMI. Os ministros de Finanças do bloco da moeda única, que tem 19 países, incluindo a Grécia, fizeram uma reunião de emergência por teleconferência para avaliar o pedido. A resposta foi negativa.

O bloco avisou que deve rediscutir o assunto hoje e pedir mais detalhes à Grécia. Numa última tentativa de evitar o calote, o governo de Alexis Tsipras fez também ontem um pedido de resgate financeiro de dois anos ao fundo ESM (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira), vinculado à União Europeia e responsável por cuidar dos interesses financeiros dos países da zona do euro.

Plebiscito

O governo da Alemanha foi um dos que se posicionou contra o socorro. A chanceler Angela Merkel quer esperar plebiscito convocado por Tsipras no próximo domingo (5) sobre um acordo com os credores. A estratégia dela e de outros líderes é apostar na vitória do "sim" na consulta popular, a favor de uma negociação com a zona do euro, enfraquecendo o premiê grego, que faz campanha pelo "não".

O governo da Grécia diz que, se liberado, o dinheiro seria usado para atender às necessidades gregas em "paralelo" à reestruturação de sua dívida. Vencem hoje os dois programas de resgate que somam 245 bilhões de euros, financiados pelo FMI e BCE (Banco Central Europeu) desde 2010. A Grécia tenta, sem sucesso, desbloquear uma parcela de 7,2 bilhões de euros desse empréstimo.

Turismo

Diante das incertezas sobre a disponibilidade de dinheiro nos caixas eletrônicos, agências de viagem no Brasil orientam os turistas que vão visitar a Grécia a levar dinheiro vivo por precaução. O país, que anunciou o fechamento dos bancos até a próxima segunda-feira, estabeleceu um limite de 60 euros diários para os saques, mas a restrição não vale para turistas estrangeiros. "O melhor é se precaver e ir com dinheiro vivo", disse André Democrito, diretor da Grécia Operadora de Turismo.

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