Aplicações financeiras beneficiam-se da Selic

A taxa básica, que está atualmente em 13,75% ao ano, carrega uma margem positiva de juro em torno de 6%

Escrito por Redação ,

O primeiro semestre só não foi melhor para os fundos DI e de renda fixa, que lideraram a rentabilidade no segmento mais conservador do mercado de investimentos, porque a inflação não deu trégua. A contínua elevação da taxa básica de juros (Selic), impulsionou o rendimento dos fundos, mas a margem real de ganho foi praticamente neutralizada pela inflação. Os juros estão altos porque a inflação também está elevada.

A taxa Selic, em 13,75% ao ano, carrega margem positiva de juro, em torno de 6%, acima da inflação projetada 12 meses à frente por analistas do mercado financeiro. Esse tamanho de ganho não é preservada em aplicações financeiras, em rendimento atrelado à Selic, porque fundos de investimento, como o DI e o de renda fixa, cobram taxa de administração e recolhem imposto de renda sobre o ganho.

Após esses descontos, o rendimento líquido nem sempre é suficiente para superar a inflação corrente, principalmente em momentos de aceleração inflacionária mais forte, como neste período mais recente. De acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), no primeiro semestre deste ano, o fundo de renda fixa acumulou rendimento médio de 6,52% e o fundo DI, de 6,01%.

Descontada a taxa de administração, que varia amplamente de acordo com cada fundo, o ganho líquido médio pode ter ficado abaixo da inflação de 6,10% projetado para os seis primeiros meses de 2015.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que arredonda a inflação acumulada no semestre, será conhecido até o dia 10 de julho. A tendência declinante da inflação no segundo semestre, passada a fase de correção de alguns preços, como os de energia elétrica e combustíveis, pode deixar o rendimento dos fundos mais confortável em relação à inflação.

Até porque a expectativa é que os juros permaneçam correndo em níveis elevados ao longo deste ano para, eventualmente, cair em rota descendente na virada de 2016.Esse possível cenário sugere que os fundos DI e de renda fixa permanecem como opções mais indicadas, com ampla vantagem sobre a caderneta de poupança.

Valorização para trás

O dólar e as ações não fizeram feio na primeira metade do ano. A moeda americana negociada no segmento comercial, em operações de importação e exportação, acumulou valorização de 16,90%, desempenho que garantiu ao dólar a condição de aplicação mais rentável no primeiro semestre.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), medida pela variação de seu principal indicador, o Índice Bovespa (Ibovespa), sustentou alta de 6,15% no período. A aceleração do dólar, que em seu nível mais alto foi cotado por R$ 3,29, em 19 de março, foi puxada pelas incertezas econômicas, reforçadas pelo agravamento da crise política, e pelas expectativas de elevação dos juros nos Estados Unidos.

A perspectiva de saída de dólares, atraídos pela alta dos juros americanos, precipitou uma correção mais acentuada do preço da moeda americana por aqui. A contínua elevação da Selic freou em parte a valorização do dólar, já que passou a atrair maior ingresso de moeda americana para aplicação em títulos de renda fixa domésticos.

O aumento de oferta de divisas inibiu o avanço do dólar e o preço mais comportado abriu espaço para que o Banco Central reduzisse a oferta de contratos de swap cambial (títulos que protegem contra a variação cambial) no mercado, sem pressão adicional sobre as cotações.

A previsão é que a elevação dos juros americanos, prevista ainda para este ano, provoque certa turbulência no mercado de dólar, sem, contudo, levar a um estresse maior ou forte disparada dos preços da moeda americana. Se não está previsto uma aceleração mais forte do dólar, tampouco se espera um recuo mais acentuado de preço. A avaliação de analistas embute certo consenso de que uma cotação em torno de R$ 3,10 seria o piso e seria improvável uma queda abaixo de R$ 3.

Bolsa de Valores

A entrada de dólares para aplicação no mercado de ações também contribuiu para dar suporte à valorização da Bovespa, na contramão das notícias econômicas e negativas que recheiam o cenário doméstico. A principal delas é a derivada dos escândalos de corrupção na Petrobras, escancarados pela Operação Lava-Jato.

Dados da Bovespa apontam um saldo positivo de investimento estrangeiro em ações de R$ 21,5 bilhões no primeiro semestre, volume superior ao de R$ 20,3 bilhões acumulado ao longo do ano de 2014.

Parte desse dinheiro pode sair a qualquer momento do País, chega para aplicação direta em ações e também em operações feitas no mercado de derivativos de ações que redundam em ganhos superiores obtidos com aplicação em renda fixa.

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