Agropecuária espera safra recorde para 2017, diz Faec

Expectativa tem base nos estudos da Funceme, que sinalizam um período de chuvas intensas no Ceará

Escrito por Carol Kossling - Repórter ,
Legenda: O fim da estiagem significa aumento do plantio, melhores condições de pastos para o rebanho, além da recuperação das reservas hídricas
Foto: FOTO: CID BARBOSA

O ano de 2017 para o setor agropecuário será igual ao de 2011 - quando se obteve produção recorde de 1,3 milhão de toneladas - ou até mesmo melhor, segundo expectativas do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya.

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"Temos muita esperança, pois há perspectiva do retorno das chuvas. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) afirma que o período normal de chuvas vai voltar, inclusive com uma certa intensidade", informa.

Segundo o presidente, esta melhora climática significa aumento do plantio, melhores condições de pastos para o rebanho, além das reservas hídricas voltarem a ter sua disponibilidade normal, pois os açudes vão encher. "Temos tudo para avançar bem neste primeiro semestre de 2017 no plantio", assegura.

Outro ponto positivo para o período será o aumento de recursos disponíveis pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) por meio do Fundo Constitucional de Financiamentos do Nordeste (FNE) para safra 2016/2017. Para Saboya, isto vai ajudar porque também existe outro fator positivo que é a proposta de renegociação de dívidas com o Governo Federal interino para o setor agropecuário.

"Isso significará um crescimento, resolvendo o problema de endividamento", pontua.

Segundo semestre

Na avaliação do presidente da Faec, o segundo semestre de 2016 será de relativa estabilidade, porque não é um período de plantio. "Enfrentamos o período mais seco, pois as chuvas ocorrem no primeiro semestre. Em decorrência disto, pode-se ter redução das atividades constantes, como por exemplo da pecuária de leite", exemplifica.

Em relação a cultura do milho, arroz e feijão no Estado, ele afirma que há uma significativa redução da produção. Já em relação ao balanço do primeiro semestre deste ano, Saboya acredita que o valor bruto da agricultura não chegue a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, pois os dados do setor agropecuário sempre foram mais baixos do que os registrados pela indústria e pelo comércio.

"Nosso setor sempre foi um terço ou um quarto do comércio e da indústria", ressalta. Este cenário, ele lembra, é diferente das regiões Sul e Centro-Oeste, que é pujante na agropecuária neste mesmo período. "O que está sustentando o Brasil é o equilíbrio da agropecuária", constata Flávio Saboya.

Gargalos

Além dos anos seguidos de seca, o presidente da Faec enxerga outros problemas no setor agropecuário do Ceará. Entre eles está a defasagem do preço da atividade leiteira para o produtor. "Estamos vendendo na base de R$ 1,30 e o consumidor final pagando R$ 4, por exemplo. A indústria e o comércio acabam ficando com a maior parte (do dinheiro pago pelo consumidor)", observa Saboya.

Outro fator é o limite ou até mesmo o cancelamento das outorgas do consumo de água para os produtores que trabalham com fruticultura irrigada. "Fomos cortados em 75% (do volume de consumo de água) e temos em uso apenas 25%, em média, atualmente. Se visitar o Baixo Acaraú eles estão sem água, pois tem a prioridade do setor humano", aponta.

Só com a recuperação das barragens e segurança hídrica, a questão volta ao normal. Para as culturas temporárias a melhora deve ocorrer no final do primeiro semestre de 2017. Saboya considera que, no cenário atual, existe a preocupação nacional que influencia nas atividades de qualquer setor. "Precisamos ter estabilidade política para desenvolver nosso papel na área de produção. É normal que o desemprego e os salários mais enxutos façam com que as pessoas consumam menos, o que não é bom para nenhum setor".

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