Academias da Capital têm alta de 30% nas matrículas

Início do ano é sempre aquecido neste tipo de negócio, especialmente, com o Carnaval no começo de fevereiro

Escrito por Carol Kossling - Repórter ,
Legenda: Em Fortaleza, a chegada das academias conhecidas como low cost (baixos preços) tem mexido com o mercado, segundo o Sindicato das Academias de Ginasticas do Estado do Ceara (Sinagi-CE)

O início do ano começou bem aquecido para o segmento de fitness e saúde em Fortaleza. Passadas as festas de fim de ano, as pessoas começaram a procurar uma atividade física para emagrecer, com a intenção de ainda aproveitar o Verão ou chegar ao Carnaval com alguns quilinhos a menos, ou mesmo para melhorar o condicionamento físico e a saúde em geral. Com isso, as academias da Capital registram aumento de até 30% nas matrículas em janeiro.

Relativamente nova na cidade, a prática do crossfit, programa de treinamento de força e condicionamento geral, vem ganhando cada dia mais adeptos. A sócia-proprietária da CrossFit 085, Flávia Grams Nogueira, confirma que sempre no início do ano existe uma procura maior. Os primeiros dias de 2016 registraram 30% de aumento nas matrículas. "O pessoal de Fortaleza já aderiu ao crossfit, pois não é monótono. Alguns não se adaptam e preferem uma academia tradicional já outros não", comenta.

Entre os novos alunos, mais homens do que mulheres e de forma geral as pessoas buscam pela perda de peso, condicionamento físico, ganho de massa muscular e abandono do sedentarismo. As aulas, que duram entre 1hora e 1hora e 20 minutos e reúnem grupos de no máximo 25 pessoas, misturando movimentos funcionais de alta intensidade. O investimento para praticar três vezes na semana é R$ 350. Já para seis dias é R$ 450.

E mesmo com o atual momento econômico, Flávia acredita que nesse segmento não haverá baixa. "As pessoas precisam fazer atividade, assim como se alimentar. E quem está acostumado não conseguem ficar sem e dá um jeitinho de pagar", disse.

Época de muita adesão

O mesmo aumento, de 30% no movimento, é percebido pela academia convencional, New Planet, instalada há 14 anos na Cidade dos Funcionários e com 1.400 alunos. O diretor Marcos Andrett relata que historicamente as academias recebem grande fluxo em janeiro que segue até meados de março, depois o fluxo cai e retorna só em agosto e fica até meados de outubro.

Tendo como carro-chefe a musculação, esse aumento representa 60% de público feminino e 40% masculino, na faixa entre 30 e 40 anos. A academia ainda oferece ginástica com spinning, lutas e treinamento funcional. Para 2016, Andrett prevê uma retração geral, mas espera crescimento de 10% em relação ao ano anterior em virtude de renovação de matrículas.

Corridas

No segmento de assessoria esportiva o aumento tem sido um pouco mais discreto, com acréscimo entre 10% e 15% de novos alunos. O idealizador da Moliv Assessoria Esportiva, Márcio Oliveira, percebeu que realmente tem um aumento no início do ano e a tendência é que permaneça depois. "A saúde virou evidência. Não só a questão do culto ao corpo e a busca pela forma, mas pela função em se sentir bem para encarar os percalços", explica Oliveira.

Para ele, independente da crise, a vontade de movimentar-se não foi atingida. E usa como exemplo um corredor que conquista seus primeiros 5 km e não para. Ele quer buscar seu melhor tempo e não irá parar para não perder esta conquista. Este ano, Oliveira acredita que o setor vá continuar "bombando", pois novas modalidades e novas propostas de treino estão surgindo.

Como estratégias para fidelizar os alunos, este ano a empresa mantém o evento Moliv Beach Training, que leva grupo de alunos para corridas em outras cidades, e manter os treinos especiais em datas comemorativas.

Só para mulheres

A academia especializada em treinos para mulheres, Contours, chega a faturar três vezes mais em janeiro, fevereiro e março, quando comparado a dezembro, segundo disse o proprietário Cassiano Ximenes. "Nosso fluxo aumenta bastante. O pior mês é dezembro pois as alunas normalmente tem os compromissos familiares", conta.

Ximenes credita que o Carnaval ser no início de fevereiro é um incremento maior no período. Ele considera que apesar do período econômico difícil que vivemos, está conseguindo alunas que há três ou quatro meses não frequentavam a academia. "Houve um aumento de 10% da base com novas alunas", calcula.

Para sobreviver a este ano, Ximenes optou por não subir o preço das mensalidades, realizar promoções, além de enxugar custos, negociando aluguel. "Acho que o primeiro semestre ainda não vai ser bom, temos que aguardar o segundo", analisa sobre como dar continuidade ao negócio.

Concorrência

Em Fortaleza, a chegada das academias conhecidas como low cost (baixos preços) tem mexido com o mercado. De acordo com o presidente do Sindicato das Academias de Ginasticas do Estado do Ceara (Sinagi-CE), Airton Fernandes Lima, em 2015, das cerca de 600 academias na cidade, 100 foram fechadas. E das 500 abertas, em torno de 350 são informais.

"Dois fatores abalaram fortemente o setor de academias de bairro, um deles é a crise e o outro foi a chegada das academias de baixo custo", analisa o presidente do Sindicato das Academias. Ele relata que, nos últimos seis meses, foram fechadas mais academias do que nos últimos 10 anos em Fortaleza.

Aumento de demanda

O fator positivo é que este tipo de academia atraiu pessoas que nunca fizeram foram buscar por atividades físicas e a maioria das pessoas que começam na academia de preço baixo migram para outras. "Acreditamos, ainda, que atualmente haja uma conscientização da população em relação as praticadas atividades físicas serem supervisionadas por profissionais", afirma.

Ele diz ainda que, após a acomodação destas academias baratas em Fortaleza, o mercado vai reconquistar essas perdas. Para Lima, se o poder aquisitivo das pessoas melhorar, passada a crise financeira, vai sobrar dinheiro para as pessoas utilizarem no setor de fitness.

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