Abear: melhora no setor aéreo só virá em 2 anos

Expectativa para o fim deste ano para o mercado da aviação é tida como a mais conservadora possível

Escrito por Redação ,
Legenda: Sanovicz: 'Nós éramos um dos últimos que ainda resistiam à onda da crise, mas agora acabamos engolfados'

São Paulo. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, afirmou ontem que a entidade não vê um cenário de melhora para o mercado aéreo em menos de 24 meses, e que a expectativa para o período de fim de ano é a mais conservadora possível. Em outubro de 2015, a demanda doméstica por viagens aéreas recuou 5,74% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo levantamento da Abear, que reúne os dados das principais companhias aéreas brasileiras (TAM, Gol, Azul e Avianca).

A oferta, por sua vez, apresentou retração de 3,87% no mês passado em relação ao mesmo período de 2014. Com isso, a taxa de ocupação teve queda de 1,57 ponto porcentual (p.P.), para 79,3% "Os números desse mês mostram que nós éramos um dos últimos setores que ainda resistiam à onda da crise, mas agora acabamos engolfados", disse o presidente da Abear.

Ano que vem piora

Segundo Sanovicz, os resultados registrados em outubro de 2015 ante o mesmo mês de 2014 representam a maior queda já registrada, tanto na oferta quanto na demanda doméstica, desde o início da série histórica da entidade, que teve início em setembro de 2012. "O resultado atual é ruim, e ano que vem irá piorar", disse Sanovicz. "Não vemos um cenário de melhora em menos de 24 meses. Os números serão piores em 2016 e continuarão ruins em 2017, com certeza", afirmou, destacando que a previsão oficial do governo de queda de 1,9% no PIB do Brasil em 2016 leva a crer que a recuperação no setor aéreo ainda irá demorar para ser atingida.

Em relação aos últimos meses de 2015, o executivo afirmou que, por um lado, existe uma natural tendência de crescimento na movimentação por conta das férias de fim de ano e das viagens à lazer. No entanto, Sanovicz avalia que a incerteza econômica e o movimento de cortes nas vagas de trabalho faz com que as perspectivas sejam pouco favoráveis para as famílias, o que pode pesar na decisão final em relação à uma viagem aérea a lazer neste momento. "Nossa expectativa é a mais conservadora possível, não há nenhum dado otimista". Para combater o cenário de crise, o presidente da Abear afirmou que as associadas estão trabalhando para cuidar "de cada centavo".

"O ambiente econômico contaminado pela crise política nos obriga a sermos extremamente conservadores", disse.

Demandas

Eduardo Sanovicz contou ainda que não obteve nenhuma resposta até o momento por parte do governo em relação às medidas propostas pela entidade em setembro para tentar combater os impactos da crise econômica no setor aéreo.

"Entregamos ao governo demandas que diziam que, nesse cenário crítico, não é mais possível tolerar a manutenção, no País, de regras e regulações que diferem do mercado internacional", disse Sanovicz.

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