93% das negociações salariais com ganho real

Escrito por Redação ,
Legenda: No Ceará, a construção civil pesada é um dos segmentos que tem alcançado mais conquistas
Foto: Foto: Kiko Silva

São Paulo/Fortaleza. Os acordos salariais fechados no primeiro semestre deste ano tiveram aumento real médio acima do negociado no mesmo período do ano passado. De janeiro a junho, também cresceu para 93% o percentual de negociações salariais com reajustes acima da inflação. Esse percentual havia recuado para 83,5% em igual período do ano passado. Em 2012, considerado o melhor ano das negociações salariais, chegou a 95,6%.

Somente 2,6% dos acordos do primeiro semestre deste ano não conseguiram zerar as perdas da inflação no salário neste ano. No ano passado, eram 5,8%. Os dados estão em estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que analisou 340 negociações salariais de trabalhadores da indústria, do comércio e do setor de serviços com data-base de janeiro a junho. Nos primeiros seis meses deste ano, o ganho real médio (acima da inflação) desses acordos foi de 1,54% ante 1,08% de igual período do ano passado.

Esse foi o terceiro maior aumento real médio verificado desde que o Dieese começou a acompanhar em 2008 os acordos salariais dessa série de 340 acordos.

"Apesar da onda de pessimismo e dos efeitos da inflação na economia, os aumentos reais médios foram melhores do que os de 2013", afirma Airton Santos, coordenador de atendimento técnico sindical da entidade. Isso porque, explica, a inflação acumulada nos 12 meses anteriores a cada data base ficou em patamar inferior neste ano.

"Para repor a inflação acumulada em abril do ano passado, os trabalhadores precisavam negociar reajustes de 7,22%. Neste ano, o INPC acumulado em abril foi de 5,62%", diz Santos.

Ganhos qualitativos

Conforme o supervisor regional do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar, além dos aumentos acima da inflação, a maior parte das categorias também tem conquistado uma série de outros ganhos, entre os quais estão, por exemplo, vale-refeição, plano de saúde, adicional de periculosidade e uma série de medidas ligadas à segurança no trabalho.

"Isso é muito significativo, porque hoje não está sendo mais negociado apenas a reposição da inflação, mas várias conquistas importantes", aponta. Ele acrescenta que, no Ceará, os segmentos que mais têm alcançado benefícios desse tipo são a construção civil pesada e os trabalhadores rodoviários. Já entre os que têm enfrentado mais dificuldade nas negociações estão os outros segmentos da indústria cearense, de modo geral.

Melhores aumentos

Na indústria de todo o País, foram os trabalhadores da construção e mobiliário; os metalúrgicos e os empregados das empresas de alimentação os que conseguiram os maiores aumentos reais médios. No comércio, o destaque foi para minérios e derivados de petróleo. Os trabalhadores de transporte e turismo também conseguiram embolsar os melhores aumentos reais no setor de serviços.

Entre as categorias que não conseguiram recuperar o poder de compra no primeiro semestre e tiveram reajustes inferiores ao INPC acumulado em suas datas-base, 7 acordos salariais estão na área indústria - corresponde a 4,5% das 156 negociações analisadas nesse setor.

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