5,7% a mais não querem trabalhar

Esse percentual se concentra, sobretudo, em pessoas acima de 60 anos e abaixo de 18 anos

Escrito por Redação ,

Rio. As seis principais regiões metropolitanas do País já possuem 17,374 milhões de pessoas que não procuram emprego porque não querem trabalhar, um aumento de 5,7% em relação a abril do ano anterior, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O montante representa 90,52% da população inativa, que ficou em 19,194 milhões de pessoas em abril.

"Está aumentando o total de pessoas que não gostariam de trabalhar. São pessoas que estão na ponta da distribuição etária, bem jovens e mais velhas, acima de 60 anos de idade e abaixo de 18 anos. No que diz respeito a gênero, são, sobretudo, mulheres. Você tem tanto pessoas de baixa escolaridade, como pessoas que têm ensino médio, e até nível superior", apontou Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Segundo Adriana, a pesquisa não aponta os motivos específicos do aumento no número de pessoas que não querem trabalhar, mas é possível inferir que possa haver influência do aumento do rendimento médio da população, que permite que alguns membros da família não precisem arrumar um emprego para complementar a renda domiciliar. Esse grupo específico de inativos corresponde àquelas pessoas que não trabalharam nos últimos 365 dias nem procuraram emprego nesse período. "Não necessariamente são pessoas que nunca trabalharam", atentou a técnica do IBGE. "Esse movimento está mais ou menos difundido, mas porcentuais mais robustos estão no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e um pouco de Porto Alegre. Essas regiões são as que de fato têm os maiores rendimentos médios", contou Adriana.

Em São Paulo, o número de pessoas que não procuraram emprego porque não queriam trabalhar cresceu de 6,457 milhões em abril de 2013 para 6,769 milhões em abril de 2014, o equivalente a 92% dos inativos da região metropolitana. No Rio de Janeiro, esse grupo somava 4,476 milhões em abril do ano passado e passou a 4,717 milhões em abril deste ano, alcançando 94% dos inativos do local. Em Belo Horizonte, o total de pessoas que não trabalhava por falta de interesse era de 1,615 milhão em abril de 2013 passando a 1,774 milhão em abril último, 88,4% dos inativos.

Em Porto Alegre, eles somavam 1,369 milhão e passaram a 1,421 milhão, o equivalente a 92% dos inativos. Em Salvador, o grupo cresceu de 1,229 milhão para 1,308 milhão em um ano; enquanto, no Recife, passou de 1,287 milhão para 1,381 milhão. De acordo com Adriana, a população inativa no País apresentou um ritmo maior de aumento a partir de setembro do ano passado.

Desemprego em nova mínima: 4,9%

Rio. A taxa de desemprego atingiu nova mínima histórica em abril, 4,9%, o menor patamar para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002. No entanto, não houve geração de novas vagas. O recuo no número de desempregados ocorreu, mais uma vez, pela saída de pessoas do mercado de trabalho.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, prevê que a taxa de desemprego ainda recue nos próximos meses, com a saída de mais pessoas da força de trabalho. Mas a desocupação deve aumentar já no segundo semestre deste ano. "Existe um certo limite para esse recuo da população economicamente ativa, então vai aumentar a taxa de desocupação.

No segundo semestre, teremos uma retração da população ocupada e a pressão dessa população que vai retornar da inatividade para procurar um emprego", alertou Thaís.

A Rosenberg calculou que, retiradas as influências sazonais, a taxa de desemprego atingiu 4,5% em abril, o menor patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2002. No entanto, os dados do IBGE mostram que a geração de vagas está estagnada: foram criados apenas 17 mil postos em relação a março. Na comparação com abril do ano passado, somente 34 mil empregos foram abertos.

Renda média

O economista da LCA Consultores Fábio Romão acredita que a renda mais alta observada nos últimos anos ainda pode estar adiando a entrada de jovens no mercado de trabalho e a volta de idosos para completar a renda da aposentadoria. Porém, como o crescimento do rendimento está desacelerando, e deve diminuir mais durante o ano, é possível um eventual aumento da taxa de desemprego.

A LCA projeta uma taxa de desemprego de 5,1% em 2014 e de 5,3% em 2015. "Mas, apesar do aumento em 2015, é difícil imaginar um índice de desemprego superior a 6,5% nos anos seguintes", destacou Romão. Na passagem de março para abril, a renda média real teve recuo de 0,6%. Se não houvesse inflação, a renda do trabalhador teria subido 0,1% na passagem de março para abril, apontou o IBGE.

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