32 mil postos de trabalho fechados na RMF em janeiro

Mesmo com a tradicional dispensa de trabalhadores temporários, o número foi elevado para o mês

Escrito por Redação ,
Legenda: O setor que registrou a maior retração no nível de ocupação foi o de serviços (-3,7% ou a eliminação de 31 mil postos de trabalho)
Foto: FOTO: JL ROSA

A taxa de desemprego total em Fortaleza e região metropolitana cresceu 0,2 ponto percentual de dezembro de 2014 a janeiro deste ano, passando de 6,9% para 7,1%. O contingente de desempregados no mês passado foi estimado em 132 mil pessoas, 1 mil a mais que o número observado anteriormente. Com base no contexto econômico local, influenciado pelas mudanças na economia do Brasil, analistas de mercado apontam para um possível aumento do desemprego no Ceará em 2015.

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De acordo com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Fortaleza (PED-RMF), o resultado de janeiro está ligado à redução do nível de ocupação em 32 mil postos de trabalho (-1,8%), praticamente compensada pela saída de pessoas do mercado da Capital e região metropolitana.

O tempo médio de procura por trabalho gasto pelos desempregados caiu de 24 para 22 semanas. Já o nível de ocupação diminuiu 1,8% no mês passado, um comportamento típico para o período, tendo em vista a saída de trabalhadores temporários do mercado, exclusivamente contratados para a época de fim de ano. A eliminação de 32 mil postos reduziu a estimativa da quantidade de ocupados para 1.729 mil pessoas. O setor que registrou a maior retração no nível de ocupação foi o de serviços (-3,7% ou a eliminação de 31 mil postos de trabalho), seguido do comércio e reparação de veículos e motocicletas (-1,5% ou menos 6 mil). Depois aparece a construção civil (-0,6% ou menos 1 mil).

A indústria de transformação, por sua vez, foi o único setor a registrar aumento em Fortaleza e região metropolitana, expandindo em 3,2% ou 10 mil o número de postos de trabalho.

O analista de Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), Mardônio Costa, observa que a redução do número de empregos nos setores de serviço e comércio, em janeiro, na RMF, chama a atenção.

Causas

"O crédito mais caro, o mercado de trabalho em desaceleração, a inflação e o medo de desemprego são fatores que levam as pessoas a serem mais cautelosas no consumo. Possivelmente, o cenário não será favorável para o comércio e os serviços no Ceará em 2015", afirma.

Posição na ocupação

De acordo com posição na ocupação, a redução do total de assalariados (-1,5% ou menos 17 mil postos de trabalho) foi decorrente da diminuição da oferta de vagas, principalmente, na iniciativa privada (-1,7% ou corte de 16 mil), tendo em vista que o setor público pouco variou (- 0,7% ou menos mil).

No segmento privado, essa redução ocorreu entre os assalariados com carteira assinada (-2,1% ou menos 16 mil), uma vez que não variou a estimativa de assalariados sem carteira. Os contingentes de trabalhadores autônomos (- 1,8% ou queda de 8 mil), empregados domésticos (-4,4% ou redução de 5 mil) e dos classificados nas demais posições (-2,2% ou menos 2 mil) também foram reduzidos. Conforme observa o coordenador de Estudo e Análise do Mercado do Sine/IDT, Erle Mesquita, o número elevado de demissões de trabalhadores com carteira assinada em janeiro, algo que não acontecia há dois anos, serve de alerta. "Será preocupante se essa tendência se perpetuar ao longo dos próximos meses", afirma.

Rendimento estável

Entre novembro e dezembro de 2014, o rendimento médio real dos ocupados (0,3%) e dos assalariados (-0,1%) permaneceu praticamente estável. Os valores passaram a equivaler R$ 1.164 e R$ 1.178, respectivamente. Entre os assalariados do setor privado, houve redução tanto entre trabalhadores com carteira assinada (-1,6%) quanto entre os sem carteira (-1,5%). Já o rendimento médio real do trabalhador autônomo cresceu 1,3%, passando a corresponder R$ 996.

A massa de rendimentos reais também decresceu entre os ocupados (-0,4%) e os assalariados (-0,8%), devido ao declínio do nível ocupacional. "A massa de rendimentos em queda, que gira em torno de R$ 2 bilhões por mês em Fortaleza e região metropolitana, reduz o poder de compra das pessoas e influencia no comportamento do mercado", acrescenta Erle.

Raone Saraiva
Repórter

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