285 mil linhas móveis foram desativadas neste ano no CE

Uso cada vez maior de aplicativos de mensagem é causa do menor número de chips, segundo especialistas

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: No mês de junho, o Estado contava com 10,4 milhões de linhas móveis ativas
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Com a popularização do uso de aplicativos de trocas de mensagens em smartphones, tais como WhatsApp, Telegram e Messenger, cada vez mais consumidores estão abandonando o segundo chip para falar por menos com outras operadoras. E, com isso, caem progressivamente os números de linhas móveis ativas no Ceará. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a quantidade de linhas recuou pelo quinto mês consecutivo em junho.

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Conforme os números da agência, mais de 285 mil contas de telefonia móvel foram fechadas desde o início do ano no Estado, que encerrou o mês de junho com 10,4 milhões de linhas móveis ativas.

No País, foram mais de 3,8 milhões de contas fechadas no mesmo período. Com isso, o mercado da telefonia móvel cearense se retraiu 2,65% no primeiro semestre, mais que a média do mercado nacional, que caiu 1,49% no intervalo.

Participação

A redução de linhas móveis atingiu a todas as operadoras no Estado, conforme atesta o último levantamento da Anatel. Em número de assinaturas, a TIM registrou a maior perda, com a redução de 4,4% de seu estoque de contas (166 mil linhas) desde o início do ano.

A empresa, que disputa com a Oi a liderança do mercado de telefonia móvel no Ceará, encerrou junho em segundo lugar, com 3,5 milhões de linhas móveis no Estado, uma fatia 33,8% do mercado local.

Entretanto, considerando o volume de contas de cada empresa, foi a Vivo que teve maior perda proporcional de linhas móveis. O número de linhas móveis da operadora sofreu uma queda de 4,8% no primeiro semestre, com menos 28,4 mil contas no Estado. Com um estoque de 563 mil linhas, a empresa possui uma fatia de 5,38% do mercado no Ceará.

A Oi, que fechou o semestre como líder em número de linhas móveis no Estado, manteve relativa estabilidade e teve um recuo de apenas 0,76% do seu estoque, com a perda de 28,1 mil contas. A operadora encerrou o mês de junho com 3,6 milhões de contas, o equivalente a 34,8% do mercado local.

Já a Claro apresentou uma redução de 3,85% em seu estoque de contas, com o encerramento de 62,8 mil linhas móveis da operadora no Ceará no primeiro semestre. A empresa fechou o mês de junho com 25,8% do mercado local, possuindo 2,7 milhões de linhas ativas.

Alternativas

Na avaliação de Georgia Jordan, analista de Indústria de Transformação Digital da Frost & Sullivan, a tendência vai além da busca de reduzir custos, mas pelo comportamento do consumidor de procurar se comunicar por outros meios.

"As pessoas estão preferindo utilizar aplicativos para enviar mensagens, ou fazer chamadas dentro dessa ferramenta, e usam mais o plano de dados que o de voz. Para isso, só precisa de um chip", pontua.

Além disso, a taxa de interconexão entre as operadoras nas chamadas está menor, segundo aponta a analista, o que faz com que as companhias telefônicas ofereçam planos e promoções sem a distinção de operadora nas chamadas. Outro fator é que as empresas estão desconectando linhas que ficam inativas por muito tempo.

"Elas (as companhias telefônicas) pagam uma taxa por linha ativa e, assim, não vale a pena manter linhas que não dão lucro", acrescenta.

Efeitos da crise

Na avaliação de Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, a crise econômica acelerou a queda de linhas móveis no País, à medida que as pessoas se mobilizam mais rapidamente para cortar custos. "Há uma queda forte na quantidade de pré-pagos, e a tendência é que esse recuo permaneça caindo até encontrar um ponto de estabilização, talvez no próximo ano", conjectura o especialista.

Georgia acrescenta que a redução de linhas móveis não significa, necessariamente, perda de receita. "As operadoras continuam com uma base grande, maior que a população, e continuam com receita crescente. Isso porque, em vez de pagar um pouco para várias operadoras, os clientes estão aumentando o gasto com uma só empresa, indo para planos pós-pagos ou controle", afirma.

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